Necessidade de ajudar a Grécia parece iminente

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Rompuy disse que o plano europeu de ajuda “só será credível quando estiver operacional” Tobias Schwarz/Reuters / arquivo

A Grécia poderá ser obrigada pelos mercados a recorrer ao plano de ajuda arquitectado pelos seus parceiros europeus, consideram vários economistas ouvidos hoje pelas agências internacionais, no mesmo dia em que o presidente da UE, Herman Van Rompuy, veio a público dizer que os europeus estão prontos para avançar se os gregos pedirem.

“A última emissão obrigacionista grega, a 29 de Março, não despertou grande procura, apesar do acordo europeu”, segundo Frédérique Cerisier, do BNP Paribas, citado pela AFP, que referiu também as incertezas sobre a capacidade do país para obter os empréstimos num montante total de dez mil milhões de euros de que necessita até ao fim de Maio para conseguir satisfazer as suas obrigações para com os credores.

O banco suíço UBS divulgou por seu lado ontem uma nota aos investidores onde se afirma que “a acção recente do mercado significa que uma intervenção externa pode ser inevitável e poderá acontecer muito em breve se a situação for insustentável”. Para estes analistas, uma intervenção durante o fim-se-semana é mesmo uma “distinta possibilidade”.

Por seu lado, um analista da Fitch considerou que “há um risco real de, se a Grécia recorrer proximamente aos mercados, a procura dos investidores pela dívida grega ser insuficiente”.

As declarações de Van Rompuy surgiram hoje em quatro jornais europeus, entre os quais Le Monde e El País. O presidente da UE afiram que “o Governo grego é corajoso e rompeu com o passado” e que a UE está pronta a intervir “se os gregos o pedirem”. Reconhece também que o plano de ajuda ao país decidido pelos 16 Estados do euro “só será credível quando estiver operacional”.

O Governo alemão também já veio dizer, através do seu Ministério das Finanças, que o plano de ajuda financeira à Grécia poderá ser activado rapidamente se isso for necessário, mas manifestou-se confiante em que o país pode ainda resolver a situação pelos seus próprios meios.

O ministro das Finanças da Grécia já veio por seu lado dizer que as taxas de juro que os mercados estão a exigir para dar crédito à Grécia “não reflectem a situação real da economia do país nem os esforços e os resultados já obtidos pelo Governo”.

A 25 de Março, após negociações tensas, os países da zona euro conceberam um plano de ajuda às dificuldades financeiras da Grécia que foi visto como tendo um carácter dissuasor das altas taxas de juro que estavam a ser cobradas nos mercados financeiros para dar crédito ao país.

No entanto, poucos dias depois o seu efeito era nulo. E esta semana a situação continuou a agravar-se. Em alta desde terça-feira, as taxas de juro que os investidores exigem para comprar obrigações do Estado grego atingiram ontem o nível mais alto desde a adopção do euro: 7,508 por cento.

O plano de ajuda europeu prevê que os restantes membros do euro concedam empréstimos bilaterais à Grécia, numa proporção face ao montante total que está indexada ao seu peso na moeda única. Ontem, o presidente do BCE explicou que a taxa mínima desses empréstimos será aquela a que cada Estado se financia nos mercados.

Notícia actualizada às 12h11
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