BE anuncia “combate empresa a empresa” para evitar privatizações

O Bloco de Esquerda (BE) anunciou hoje um “combate empresa a empresa” para evitar as eventuais privatizações anunciadas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), nomeadamente no sector dos transportes.

Discursando no Entroncamento, o coordenador nacional do Bloco de Esquerda criticou duramente o PEC e a eventual privatização das empresas do sector ferroviário, como a CP e a EMEF, tendo afirmado que vai questionar o Governo sobre quais são, efectivamente, os seus planos, em que estudos estão baseados, quais os faseamentos previstos e quais os impactos que as privatizações vão ter nas contas públicas e na qualidade dos serviços públicos a prestar.

Segundo disse Francisco Louçã, o PEC “não passa de um catálogo que apresenta medidas económicas e sociais muito graves para os próximos três anos, em que tudo gira à roda de números e onde as soluções que se apresentam para ultrapassar a situação são três: salários congelados, redução dos subsídios sociais e privatizações”.

“Privatizações dos transportes, das concessões de ramais, da EMEF, da TAP, dos aeroportos, da EDP, da GALP e até, algo inimaginável, dos Correios, que podem ser vendidos a privados”, disse.

“Os números do PEC”, continuou, “assentam em alguma estabilidade, como os dois milhões de pobres, quase todos eles idosos e com reformas abaixo do limiar da pobreza, a que se devem acrescentar os 650 mil desempregados na estatística oficial, que os inactivos não entram na contabilidade”.

“Ou nos 3,1 milhões euros que António Mexia [presidente executivo da EDP] ganhou num ano, como prémio de desempenho, o que significa que Mexia ganhou em cada mês 25 anos de salário médio de cada português, mais do que o presidente da Microsoft, a maior empresa do mundo, para irmos às comparações internacionais”, continuou Louçã.

“Estes números é que fazem a realidade do PEC e os 50 milhões de euros das privatizações são apenas 15 Mexias, nada comparado aos 100 milhões de euros que os Correios dão de lucro anualmente, ou as mais-valias bolsistas, que só elas pagariam 250 milhões de euros, cinco vezes mais do que o valor total das privatizações anunciadas”, comparou.

“A democracia está a ser assaltada pela ganância e por estes prémios, do qual Mexia é o melhor exemplo, e que são pagos com o nosso dinheiro, sendo por isso que é o nosso salário que está em discussão neste PEC”, concluiu o dirigente partidário.

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