Ministra da Cultura quer substituir Christoph Dammann no Teatro S. Carlos

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A ministra constata que há insatisfação do público e da crítica com a direcção de Christoph Dammann Miguel Madeira

A Ministra da Cultura considera necessário substituir o director artístico do Teatro Nacional de S. Carlos, Christoph Dammann, disse-o hoje numa entrevista que deu à Antena 2. “Do meu ponto de vista a direcção já provou que a sua linha estratégica e o seu conceito estético não se coadunam com aquilo que o público português espera do Teatro Nacional de S. Carlos”, afirmou Gabriela Canavilhas.

A ministra foi peremptória e considerou que “a insatisfação do público, da crítica, dos intervenientes, é cada vez mais notória”. Disse que este “é aliás, um processo que já vem de trás” e que “neste momento já não há qualquer dúvida de que é necessário substituir o director artístico do Teatro Nacional de São Carlos”.

Esta noite, no Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), estreia a ópera barroca “Niobe, Regina di Tebe", composta pelo músico italiano Agostino Steffani e contactada a assessoria de imprensa do TNSC, o director artístico não fará qualquer declaração.

Christoph Dammann, doutorado em musicologia, entrou para o Teatro Nacional de São Carlos no dia 1 de Junho de 2007. Nos primeiros tempos ainda dirigia simultaneamente a Ópera de Colónia. Mas entrou em regime de exclusividade no Teatro Nacional de S. Carlos como director artístico no dia 31 de Agosto de 2008. O seu contrato termina no dia 31 de Agosto de 2012.

“As conversações estão a decorrer entre a tutela, a OPART, e o actual director artístico com vista à definição do seu enquadramento nos objectivos da programação do Teatro Nacional de São Carlos”, disse ao PÚBLICO, Manuel Santana, do Ministério da Cultura. Adiantou que não há prazos para esta decisão.

“A gestão de Dammann tem vindo a representar o momento mais negro da história do S. Carlos desde a sua reabertura”, considera o crítico e autor do blogue Letra de Forma, Augusto M. Seabra. “Pela escolha dos cantores e dos maestros, pelas aberrações de programação, pela obstinação dos mesmos nomes de amplas provas de mediocridade já dadas.”

Augusto M. Seabra lembra ainda que estatutariamente op teatro tem que apresentar uma programação de elevado nível artístico. “Pelo contrário, e portanto infringindo as mesmas disposições estatutárias, os espectáculos apresentados pela gestão Dammann caracterizam-se por serem péssimos. Substituí-lo é pois imperioso pois que no respeitante ao serviço público que o teatro tem que prestar, a sua gestão não pode ser qualificada senão de ruinosa.”

Braço de ferro

Na mesma entrevista à Antena 2, Gabriela Canavilhas, colocou ainda a hipótese de afastar o director do Museu de Arqueologia, Luís Raposo, mas acrescentou que “tudo depende do director” e de ele se querer juntar ou não a “esta dinâmica”. Considerou necessário fazer obras na Cordoaria para garantir que ela resiste à intervenção que vai ser feita e ao uso que lhe vai ser dado. Ao director caberá desenhar e projectar o novo modelo expositivo, adaptar o seu acervo ao novo espaço, acrescentou.

Luís Raposo, continua a dizer aquilo que tem dito nos últimos dias, que não tem qualquer posição de princípio contra a transferência do museu da arqueologia para a Cordoaria, não concorda é com o “timing” e continua à espera que o Ministério divulgue os estudos geo-técnicos ou que dê um sinal de que os vai fazer. “Só me compete defender o acervo”, acrescentou ao PÚBLICO, lembrando que é director do Museu de Arqueologia há 14 anos e que a sua nomeação não foi política, mas por concurso público. Considera que a sua primeira obrigação é o da lealdade e aí engloba fazer tudo para que o acervo do museu – que lhe foi confiado - esteja seguro.

Notícia actualizada às 17h02
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