“A tauromaquia existe e tem que ser regulada”, diz a ministra da Cultura

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Enric Vives-Rubio

A ministra da Cultura “não tem uma posição pessoal sobre a tauromaquia” mas este é um sector que está sob a alçada do ministério e como tal “tem que ser regulado”. “Não podemos fazer de conta que não existe”, disse ao PÚBLICO Gabriela Canavilhas, respondendo à polémica que surgiu depois do anúncio de que no recém-reactivado Conselho Nacional de Cultura (CNC) tinham sido criadas duas novas secções: artes e tauromaquia.

No final da primeira reunião do CNC, que decorreu hoje de manhã, a ministra considerou que se está “a empolar desnecessariamente” a questão da tauromaquia, que é “meramente processual”. “Criou-se a ideia de que iríamos introduzir algum tipo de alteração na prática tauromáquica. Não é nada disso”, frisou.

A tauromaquia é uma das áreas que, desde os anos 80, faz parte das competências do Ministério da Cultura e está sob a alçada da Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC). A esta compete, entre outras coisas, garantir a segurança dos espectáculos artísticos e a promoção e defesa dos autores. “A tauromaquia existe e movimenta 650 mil espectadores. É nossa obrigação cumprir a lei e a lei diz que temos que a regular”, disse Canavilhas.

O anúncio da criação da secção fez já surgir na Internet duas petições. Uma contra, lançada pelo Partido dos Animais, que considera que “a existência de touradas no século XXI constitui um embaraço para Portugal”. E outra, de aficionados, a favor do existência da secção. Houve também alguns artigos de opinião indignados contra a medida, nomeadamente uma crónica de Paulo Varela Gomes no PÚBLICO.

Quanto à primeira reunião do CNC, Canavilhas explicou que se destinou apenas a formalizar a aprovação do regulamento interno e das normas de funcionamento, tendo sido marcada para Maio a próxima, na qual serão já discutidas questões de política cultural. Ontem à noite a ministra esteve reunida com as dez individualidades por ela escolhidas para o CNC – entre as quais o ensaísta Eduardo Lourenço, o arquitecto Siza Vieira, e o economista Augusto Mateus.

“Questionou-se e reflectiu-se sobre a natureza do próprio ministério – o que se espera do Ministério da Cultura”, explicou Canavilhas. Foram também abordados temas muito concretos como “a nova estratégia para os museus; o novo museu que irá celebrar a portugalidade, a viagem e a descoberta; o audiovisual, que está numa fase complexa, a língua, a relação Portugal/Brasil”. Sobre o novo museu, a ministra diz que “há novidades” mas serão anunciadas formalmente e no momento próprio.

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