Serra da Estrela recebe primeiro festival internacional de judeus sefarditas

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O Museu Judaico de Belmonte é uma das marcas mais emblemáticas da herança judaica na região Paulo Ricca

Os descendentes de judeus sefarditas, originários de Portugal e Espanha, espalhados pelo mundo, vão pela primeira vez ter um festival internacional sobre as suas raízes em Novembro, em Belmonte, Guarda e Trancoso.

O evento vai ser promovido terça e quarta na Feira Internacional de Turismo do Mediterrâneo, em Telavive, Israel, numa iniciativa da entidade de Turismo da Serra da Estrela (TSE).

“A região tem uma grande herança judaica em que temos apostado ao longo dos anos e que culmina no Primeiro Festival da Memória Sefardita Portuguesa”, explica Jorge Patrão, presidente da TSE, que representa a única presença portuguesa no certame em que há diversos contactos agendados com operadores turísticos ligados ao mundo judaico.

O Museu Judaico de Belmonte, onde se mantém uma comunidade activa com a respectiva sinagoga, as rotas de antigas judiarias na vila, na Guarda e em Trancoso, o azeite, vinho e queijos kosher produzidos na Beira Interior são algumas das marcas vivas destacadas por aquele responsável. “Esta aposta permite também ter durante todo o ano uma alternativa à sazonalidade da neve” como atracção turística da Serra da Estrela, acrescenta.

Como referência, a TSE refere que, em 2009, o Museu Judaico de Belmonte recebeu 17.840 visitas, mais 16 por cento que no ano anterior. “Dez por cento dos visitantes eram judeus oriundos de países como Israel, Estados Unidos da América, Brasil e Canadá”, refere Jorge Patrão.

O Primeiro Festival da Memória Sefardita de 1 a 7 de Novembro vai estar centrado no Teatro Municipal da Guarda, com actividades em Belmonte, Trancoso e dois dias (com data a definir) em Lisboa.

O programa inclui conferências dedicadas à história sefardita com especialistas internacionais, actividades ligadas à música e cultura judaica e abertura de novos equipamentos ligados à temática.

Para Trancoso, está prevista a inauguração do Centro de Estudos Isaac Cardoso, proeminente médico judeu do século XVI, e na Guarda deverá ser inaugurado um memorial a Aristides de Sousa Mandes, cônsul português em França cujos vistos salvaram milhares do Holocausto.

Está também prevista a apresentação de novos produtos kosher da região. “Há mais projectos na carteira”, refere Jorge Patrão, apontando como exemplo “o projecto para uma estrutura de recriação de uma sinagoga na zona da antiga judiaria da Covilhã”.

“Não há visitas sobre esta temática em Portugal que não passem pela Serra da Estrela”, acredita Jorge Patrão, que pretende com o festival cimentar essa posição no mercado turístico.

Durante a Feira Internacional de Turismo do Mediterrâneo, Jorge Patrão espera estabelecer parcerias com operadores turísticos especializados no mercado judaico.

“Apesar de assentar apenas na Serra da Estrela, esta presença reforça a marca de Portugal em Israel”, concluiu.

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