Tesouros bibliográficos medievais em exposição no Ateneu Comercial do Porto

A "Bíblia de S. Luís", considerada "o monumento bibliográfico mais impressionante alguma vez criado pela humanidade", estará em exposição, a partir de amanhã, no Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto.

Não é a original, que está guardada na Biblioteca Nacional de França (BNF), mas "uma reprodução fidelíssima, em que foram usados todos os materiais originais, inclusivamente o ouro, em cada uma das suas 4.887 iluminuras", disse o editor Manuel Moleiro, responsável por esta edição.

"Com três volumes e 1.230 páginas com 4.887 cenas da Bíblia, esta obra, pintada em Paris entre 1226 e 1234 para o rei Luís IX de França, futuro São Luís, é uma criação irrepetível e de valor inestimável", disse o editor.

Quem tiver 13.500 euros pode ter agora uma cópia fiel da Bíblia de S. Luís, acompanhada por um volume com estudos sobre a obra assinados por alguns dos mais reputados especialistas mundiais.

Todas estas edições da M. Moleiro Editor, de Barcelona, são limitadas a 987 exemplares autenticados notarialmente e incluem estudos dos maiores especialistas mundiais sobre a matéria respectiva. Os preços podem oscilar entre os 500 e os 20 mil euros.

A obra está integrada na "Exposição de Códices Medievais e Cartografia Portuguesa", que ocupará o Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto até dia 20, que inclui reproduções de alguns dos mais preciosos códices medievais e de exemplares únicos de cartografia.

"Estão aqui três das mais importantes obras de cartografia portuguesa: o Atlas Universal de Diogo Homem (cujo original está na Biblioteca Nacional da Rússia), o Atlas Miller, (original na BNF) e o Atlas Vallard, cujo original está também fora de Portugal", disse Manuel Moleiro.

Entre os exemplares em exposição está "As Grandes Horas de Ana da Bretanha" (1505/1508), um livro de horas que é também um tratado de Botânica, cujo original está na BNF.

O "Livro de Horas de Joana I de Castela" (séc. XVI), o "Apocalipse 1313" (original na BNF), o "Tacuinum Sanitatis", um livro com conselhos para a saúde escrito em Bagdad por volta de 1036 e iluminado na Alemanha no séc. XV, e o "Livro da Felicidade", pintado em Istambul para o sultão Murad III (séc XVI), são outras obras cujas reproduções integram a mostra.

Natural de Ourense, na Galiza, Manuel Moleiro especializou a sua empresa na edição de reproduções de obras medievais, tais como livros de iluminuras, códices e mapas, realizadas sobre os suportes originais - pergaminho, pele de vitela, papel ou papiro.

A exposição, integrada na comemoração do 140.º aniversário da Biblioteca do Ateneu Comercial do Porto, inclui um exemplar da primeira edição de "Os Lusíadas", editio princeps (edição Ee), de 1572, que faz parte do espólio bibliográfico do Ateneu e foi recentemente restaurado pela Fundação Ricardo Espírito Santo.

De pequeno formato e sem ilustrações, esta edição não impressiona, no salão dourado do Ateneu Comercial, ao lado dos sumptuosos códices medievais e das imaginativas obras da cartografia portuguesa, mas é, de facto, a única original.

A exposição abre sábado, às 18:30, com uma conferência subordinada ao tema "O Atlas Vallard e a cartografia portuguesa de Quinhentos", pelo professor Luís Filipe Thomaz, considerado um dos maiores especialistas mundiais na matéria.

Este Atlas, cujo nome advém do francês Nicolas Vallard, o seu primeiro proprietário conhecido, inclui um mapa da Austrália desenhado cerca de 1540, considerado como uma das provas de que os portugueses chegaram àquele continente 250 anos antes dos ingleses.

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