Garcia Pereira acusa Sócrates de “distrair” eleitorado com "questões fracturantes"

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Líder do PCTP/MRP Daniel Rocha (arquivo

O líder do PCTP/MRPP, Garcia Pereira, defendeu que José Sócrates e Manuela Ferreira Leite são iguais "no essencial" e acusou o secretário-geral socialista de ser "um personagem profundamente neoliberal" que usa as "questões fracturantes" para "distrair" o eleitorado.

António Garcia Pereira considerou "uma evidência para qualquer cidadão minimamente crítico" que PS e PSD são idênticos "em todos os campos essenciais". "Evidentemente que depois há aquelas chamadas causas fracturantes, com base nas quais se procura distrair a atenção dos cidadãos e até permitir que um personagem profundamente neoliberal e profundamente defensor dos princípios da política neoliberal, como é José Sócrates, possa aparecer com uns laivos de esquerda", afirmou.

Neste sentido, Garcia Pereira considera que "no que diz respeito aos problemas essenciais do país, o programa de destruição da capacidade produtiva do país, de venda a retalho dos recursos do país, da aposta num modelo produtivo assente nos baixos salários e no trabalho pouco qualificado e com poucos ou nenhuns direitos", José Sócrates e Ferreira Leite "são exactamente iguais".

O líder do MRPP diz que é favorável, por exemplo, à legalização do casamento homossexual, mas que essa não é uma questão "essencial para resolver os problemas do país, como "criar economia". Favorável ao início imediato de grandes obras públicas como o TGV, a nova travessia do Tejo, o novo aeroporto e mais portos para "aproveitar" a extensa costa portuguesa, o advogado lisboeta considera no entanto que Portugal cometeu um "erro estratégico" ao apostar no transporte de mercadorias pela rodovia e não pela ferrovia, "mais barato, mais cómodo e não agressivo para o ambiente".

Confrontado com o facto de partidos à esquerda do PS, como o PCTP/MRPP, o Bloco de Esquerda e o PCP nunca terem chegado a um entendimento para se candidatarem juntos às eleições legislativas, Garcia Pereira respondeu que isso é "virtualmente impossível", porque "só é possível estabelecer uma aliança com princípios" entre partidos "se se conhecer esses princípios".

"É difícil fazer qualquer espécie de aliança com partidos que não tenham programa, que não tenham projecto, que não se saiba que tipo de sociedade é que defendem e como é que se chega lá, que é exactamente o caso do Bloco de Esquerda", criticou António Garcia Pereira. Para Garcia Pereira, "o primeiro e principal instrumento de defesa de que as ideologias já não têm hoje lugar e que tudo pode ser substituído por uma acção circustancial e sem um norte fundamental é o Bloco de Esquerda".

"O resultado é que foi o Bloco que na noite das eleições [legislativas de 2005], que puseram no poder José Sócrates, saudou vivamente essa eleição apresentando-a como uma vitória da esquerda. A única força política que disse que era uma vitória da direita e de um programa político de defesa dos grandes interesses financeiros foi o PCTP/MRPP", acrescentou.

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