Há tempestades e chuvadas de metano nos trópicos de Titã, a maior das luas de Saturno

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O gigante Saturno e Titã, o pequeno pontinho brilhante na parte de baixo da imagem Observatório Gemini

Há grandes nuvens de tempestade ao redor do equador de Titã, a maior lua de Saturno, cuja espessa atmosfera alaranjada de metano e etano foi perfurada pela primeira (e única) vez por uma sonda em 2005, a Huygens, que se manteve em actividade apenas algumas horas, a temperaturas que chegam a 178 graus negativos.

A descoberta, publicada na revista científica Nature, é importante porque a geologia dos trópicos desta lua onde o metano existe em estado líquido parecia ser formada por outros mecanismos que não a precipitação — em latitudes mais altas, foram observadas nuvens, que devem estar por trás dos rios e lagos de hidrocarbonetos que existem à superfície.

Mas agora, graças a dois supertelescópios na Terra (no Havai, EUA), os cientistas conseguiram detectar nuvens de tempestade nos trópicos, numa área imensa: cerca de três milhões de quilómetros quadrados. E concluíram que a chuva por elas produzida pode ser responsável pelos canais e leitos de rio secos identificados pela Huygens em 2005.

Antes destas observações, em Abril de 2008, não se sabia se se formariam nuvens no equador de Titã, como as que há mais a norte. Agora confirmou-se que se formam e desencadeiam a formação de mais nuvens noutros pontos do pequeno planeta. “A primeira nuvem teve um efeito semelhante a uma explosão na atmosfera. Em poucas horas, um gigantesco sistema de nuvens cobriu o pólo sul”, explica o Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, um dos autores do artigo.

O acontecimento foi uma surpresa: a equipa observava Titã há mais de dois anos quase sem ver nuvens. “Estas observações provam que os canais e leitos secos no deserto tropical de Titã podem ser explicados por precipitações pouco frequentes, mas muito fortes”, comenta Henry Roe, do Observatório Lowel, citado noutro comunicado de imprensa.

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