Processo de classificação do edifício do Museu de Arte Popular deverá ser reaberto

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O edifício é o único que resta da Exposição do Mundo Português de 1940 Nelson Garrido (arquivo)

Um parecer que propõe a reabertura do processo de classificação do edifício do Museu de Arte Popular (MAP), em Lisboa, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Consultivo do Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico). O pedido tinha dado entrada há cerca de um mês pela mão do movimento em defesa do MAP, do qual fazem parte, entre outros, a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva, a empresária Catarina Portas, a artista plástica Joana Vasconcelos e o jornalista Alexandre Pomar.

O Igespar, citado num comunicado desse movimento, considera que o edifício, o único que resta da Exposição do Mundo Português de 1940, “deve ser salvaguardado, e legalmente protegido, nas suas componentes construtivas e de património artístico aí integrado”. O processo de classificação fora iniciado em 1991, mas em 2007 foi revogado, depois do anúncio de que a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, pretendia aí criar o Museu do Mar e da Língua Portuguesa.

O imóvel já se encontrava protegido por se situar na “zona monumental” de Belém, mas o parecer propõe agora “a atribuição de uma classificação enquanto objecto individual”. A diferença essencial, explicou ao PÚBLICO, Raquel Henriques da Silva, tem a ver com o facto de este tipo de classificação garantir a protecção do interior, nomeadamente das pinturas decorativas da autoria de Tomaz de Mello, Carlos Botelho, Paulo Ferreira, Eduardo Anahory, Estrela Faria e Manuel Lapa, e do escultor Júlio de Sousa. Estas pinturas não fazem parte do edifício original – são trabalhos realizados em 1948, quando o Museu de Arte Popular foi instalado no Pavilhão da Vida Popular da Exposição do Mundo Português.

O comunicado do movimento em defesa do MAP revela também que alguns dos seus membros estiveram reunidos com o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, no dia 20, e que o ministro se terá “declarado aberto a discutir o futuro do edifício e do Museu, mediante formas de auscultação da opinião pública e de ponderação de pareceres especializados que fundamentem as decisões a tomar”.

O objectivo do movimento, referiu Raquel Henriques da Silva, é conseguir que o museu regresse à sua função original, recebendo de novo o espólio que actualmente se encontra no Museu Nacional de Etnologia, e que seria apresentado com uma nova contextualização sobre o significado da Arte Popular. Pinto Ribeiro anunciara a intenção de manter o projecto da sua antecessora de instalar no ex-MAP um Museu da Língua Portuguesa.

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