Ataque contra posto da polícia paquistanesa faz pelo menos 23 mortos em Lahore

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Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade, embora dois “suspeitos” tenham sido detidos Mohsin Raza/Reuters

A explosão de um carro armadilhado à porta de um posto da polícia e escritório dos serviços secretos no centro de Lahore deixou os dois edifícios em escombros e pelo menos 23 mortos, metade polícias, além de 300 feridos.

O Governo paquistanês diz que esta foi provavelmente uma retaliação à recente operação do Exército contra os taliban no Vale de Swat, no Noroeste do Paquistão. “É um acto de desespero por os rebeldes estarem a enfrentar uma derrota em Swat”, disse o ministro do Interior, Rehman Malik.

Não é evidente que a população de Lahore se sinta tão vitoriosa. O ataque foi o terceiro maior em alguns meses. Surge no rescaldo de uma emboscada à equipa de críquete do Sri Lanka e de um assalto à academia da polícia em Março que, ao todo, fizeram 14 mortos e deixaram a segunda maior cidade do Paquistão em estado de sítio.

Este teve a mesma mistura de audácia, crueldade e terror. Mohammed Rehman, um habitante local, testemunhou-o: “Vi um carro branco com quatro ou cinco homens lá dentro. Parou à porta do posto da polícia e alguns dos homens saíram. Tinham armamento pesado e começaram a disparar contra os escritórios do ISI [serviços secretos]. Atirei-me para o chão, mas vi um polícia de trânsito literalmente a voar. Estava a ser atingido pelos disparos. A seguir, veio a explosão”.

Foi devastador. Um edifício de emergências da polícia, de três andares, colapsou numa avalancha de destroços, ferro retorcido e cimento desfeito. A equipa de salvamento tentava retirar polícias ensanguentados de entre os escombros, com os uniformes desfeitos. Sete horas depois, corpos estavam ainda a ser retirados das ruínas. Os abalos foram sentidos a seis quilómetros de distância.

Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade, embora dois “suspeitos” tenham sido detidos. Jovens, barbudos e aterrorizados, quase foram linchados pela multidão. Talvez estivessem envolvidos, talvez estivessem no local errado, à hora errada, e sejam da etnia errada (afegã ou pashtun).

Os ataques anteriores em Lahore foram atribuídos a grupos jihadistas do Punjab, inspirados pela Al-Qaeda, mas actuando em coordenação com os rebeldes taliban paquistaneses das regiões do Noroeste como Swat, ou das áreas tribais que fazem fronteira com o Afeganistão.

Malik acredita que esta aliança esteve por trás dos ataques de hoje. “Baitullah Mehsud [líder dos taliban paquistaneses] avisou que haveria ataques nas cidades se as operações militares [em Swat e nas zonas tribais] não acabassem. Mas este Governo decidiu eliminar os terroristas.”

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