Encontrada em Mafra uma das maiores concentrações de fornos neolíticos da Europa

Os arqueólogos que estudaram o solo onde foi construída a auto-estrada A21, Ericeira/Mafra/Malveira, afirmam ter encontrado uma das maiores concentrações de fornos de argila (110) existentes na Europa, do período do neolítico.

"Este conjunto de 110 fornos do neolítico corresponde a uma das maiores concentrações de fornos existentes em território europeu", afirmou hoje Ana Catarina Sousa, arqueóloga responsável pelas escavações.

"Além da quantidade de fornos do neolítico, encontrámos mais um forno romano, outro da Idade Média e da Idade Moderna, o que significa que o Homem ocupou este território e com uma mesma estratégia: a exploração de argila", acrescentou Ana Sousa que também pertence ao gabinete de arqueologia da Câmara de Mafra.

Uma amostra constituída por quatro fornos vai integrar uma exposição onde serão exibidas algumas das 33 mil peças recolhidas nos trabalhos arqueológicos decorrentes da construção da auto-estrada.

A exposição vai ser aberta ao público amanhã no complexo cultural Quinta da Raposa, em Mafra.

Segundo a arqueóloga, foram também identificados "um conjunto de materiais de natureza excepcional da Idade do Bronze, salientando-se um conjunto de 44 contas de colar em âmbar, conjunto esse que é superior a todas as contas encontradas até hoje em Portugal".

Ana Cristina Sousa destacou ainda que foram estudados 26 sítios "mais do que um por cada quilómetro construído" e que as peças datam de vários períodos desde o neolítico, calcolítico, idade do bronze, período romano, antiguidade tardia, medieval islâmico e idade moderna.

"Encontrámos também fornos de cal dos séculos XVII e XVIII contemporâneos da construção do Palácio de Mafra", adiantou.

A via, de 18 quilómetros, foi construída entre 2004 e 2008. A construção da auto-estrada permitiu, através do acompanhamento arqueológico de todas as etapas da obra, "fazer uma autêntica operação de pesquisa histórica da ocupação humana do concelho de Mafra", concluiu.

Além da exposição, o gabinete preparou um programa de sessões pedagógicas denominado "Arqueologia às escuras". Nestas actividades, programadas para 14 de Março, 28 de Março e 18 de Abril, os participantes poderão manusear réplicas dos artefactos mais significativos de cada período cronológico, permitindo também ao público invisual sentir os objectos, conhecer a sua forma, peso, cheiro e os associar ao período respeitante.

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