Cavaco Silva homenageia quatro especialistas em bioética

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Luís Archer já tinha recebido a Grã-Cruz da Ordem d Sant'Iago da Espada Rui Gaudêncio

O Presidente da República, Cavaco Silva, homenageou hoje quatro personalidades portuguesas ligadas à bioética, área que considerou "crucial" para o desenvolvimento humano e para o progresso científico.

Daniel Serrão, professor catedrático de Medicina da Universidade do Porto, Jorge Biscaia, médico pediatra, e Walter Osswald, especialista em Farmacologia, foram agraciados pelo Chefe de Estado com a Grã-Cruz da Ordem d Sant'Iago da Espada por terem sido "pioneiros" na bioética em Portugal.

Também o especialista em genética Luís Archer, já graciado com a mesma ordem, foi homenageado na mesma cerimónia, que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa.

No seu discurso, Cavaco Silva sublinhou que estas personalidades "tiveram o mérito" de introduzir a bioética em Portugal e de "a desenvolverem, de estruturarem institucionalmente o seu futuro e de a difundirem na sociedade".

"Graças a estas quatro personalidades, a bioética é hoje um referencial comum de debate na sociedade portuguesa, que passou a interpelar e a envolver todos os cidadãos", declarou.

"Ser pioneiro da bioética em Portugal significa promover uma cultura científica no espírito da democratização da ciência, a par de uma reflexão acerca dos valores que devem orientar o progresso científico-tecnológico, em prol do bem da humanidade", acrescentou.

O Presidente da República dirigiu-se ainda àqueles que recearam que a ética aplicada à vida representasse um entrave ao progresso científico, considerando que é na "intersecção entre a ciência e a ética que o conhecimento progride e que o ser humano se dignifica".

"A bioética confirma-se cada vez mais como factor de desenvolvimento, ao acompanhar o progresso biotecnológico, ao ponderar as suas implicações sociais e humanas e ao garantir que os novos saberes e os novos poderes contribuam para a melhoria das condições de vida", frisou o Chefe de Estado.

Assumindo o papel de porta-voz dos homenageados, Daniel Serrão agradeceu ao Presidente da República por "honrar a bioética séria, independente e responsável".

"É um sinal de como está preocupado com a bioética, primeira salvaguarda da dignidade humana", sublinhou.

Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, os especialistas agraciados escusaram-se falar directamente de temas como a clonagem ou a eutanásia.

"Os problemas relacionados com o fim da vida, com o princípio da vida, com a manipulação de embriões, todos são problemas importantes que foram sendo levantados", disse apenas Daniel Serrão.

"Não devemos fixar-nos só num ou noutro aspecto. O homem não é parcelável", comentou ainda Jorge Biscaia.

Relativamente às principais preocupações futuras, este especialista sublinhou que a bioética começa a caminhar num "aspecto de defesa de vulnerabilidade dos mais fracos, dos mais susceptíveis de serem ofendidos" e de protecção de injustiças.

Lembrou ainda que no centro do debate da bioética está sempre a defesa da vida humana, que "é sempre inviolável".

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