Portugal e Namíbia vão discutir em Lisboa questão da nau portuguesa

O chefe da diplomacia da Namíbia visitará Portugal em breve e um dos temas da deslocação será o achado arqueológico subaquático de uma nau portuguesa, disse à Lusa a secretária de Estado da Cultura portuguesa.

Paula Fernandes dos Santos referiu que os trabalhos de resgate dos destroços da nau portuguesa naufragada no século XVI ao largo da Namíbia terminam hoje, e avançou que mais informações acerca do espólio e da sua importância histórica serão dadas em conferência de imprensa, a realizar no Palácio Nacional de Ajuda no próximo dia 17.

A Namíbia não ratificou a Convenção Sobre a Protecção do Património Cultural Subaquático, pelo que o espólio encontrado pertence na totalidade àquele país.

"Isso significa que nós teremos, em conjunto com as autoridades namibianas, de desencadear um processo bilateral em que procuraremos ver em que condições é que poderemos continuar a colaborar com eles", disse Paula Fernandes dos Santos.

O convite para a visita a Portugal do chefe da diplomacia namibiana, Marco Hausiku, foi feito pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, João Gomes Cravinho.

"Temos acompanhado este trabalho em conjunto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O próprio secretário de Estado João Gomes Cravinho, quanto esteve agora em Nova Iorque para a Assembleia Geral das Nações Unidas, teve oportunidade de se encontrar com o MNE da Namíbia e falar sobre esta matéria e transmitiu-lhe um convite para vir a Portugal", referiu Paula Fernandes dos Santos.

"Não há data [para a visita]. Queremos manter estes contactos, mas não posso dizer, neste momento, sob que forma, qual a forma institucional que vai ter", frisou.

Questionada se o espólio poderá vir a ser exposto em Portugal, a secretária de Estado da Cultura preferiu não especular sobre o assunto.

"Não vamos especular sobre isso nem dizer coisas que possam não ser oportunas relativamente a isso. Pensamos que provavelmente haverá condições para que isso possa vir a ser feito, mas não discutimos formalmente com as autoridades namibianas", salientou.

Os destroços da nau portuguesa do século XVI foram descobertos em Abril deste ano, durante uma prospecção de diamantes pelo consórcio NAMDEB, formado pelo governo da Namíbia e pela diamantífera sul-africana De Beers.

O espólio encontrado nos destroços da nau inclui objectos de ouro, prata, cobre e marfim, além de astrolábios e instrumentos de navegação quinhentistas, canhões e respectivas balas.

As operações estão a cargo de uma equipa de arqueólogos subaquáticos, em que participam os portugueses Francisco Alves e Miguel Aleluia, a convite das autoridades de Windhoek.

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