Utentes desmaiam por causa do calor no centro de saúde de Ermesinde

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Fernando Melo descartou-se de quaisquer responsabilidades e afirmou tratar-se de um problema do Governo Fernando Veludo (arquivo)

Há utentes que desmaiam por causa do calor que se faz sentir no interior do centro de saúde da Bela, em Ermesinde (Valongo) onde as “temperaturas sobem quase aos 40 graus”. A denúncia foi feita por um utente, ontem à noite, em plena reunião da Assembleia Municipal de Valongo e que ficou marcada pela indignação dos moradores daquela localidade que não aceitaram a forma como o autarca reagiu às críticas feitas pelos utentes.

Inaugurado há quinze dias, o novo centro de saúde tem, na opinião dos utentes vários problemas, desde a “falta de transportes, aos maus acessos para os deficientes”. Mas o problema maior tem a ver com o calor que se faz sentir no interior do edifício, localizado a sul. Os populares aproveitaram também a sessão para denunciar as “precárias” condições em que funciona a Escola EB1 de Bela, da responsabilidade da autarquia, e que não dispõe de cantina para nos alunos comerem.

Mas há mais. O pavilhão gimnodesportivo está actualmente a ser ocupado para aulas de substituição e os acessos à escola ficam inundados quando chove, uma situação que obriga a que os pais tenham de levar os filhos ao colo até à escola. A “falta de auxiliares de educação” é outro problema, segundo denunciaram.

Sobre as insuficiências do centro de saúde, o autarca Fernando Melo descartou-se de quaisquer responsabilidades e, perante mais de duas centenas de pessoas, afirmou tratar-se de um problema do Governo e não da câmara. Em relação à escola, o autarca ainda tentou suavizar as críticas, dizendo que a câmara tem um plano de recuperação para o parque escolar do concelho, mas a população não o deixou. No meio da refrega, ficava a ameaça da Associação de Pais de encerrar a escola, caso a câmara não proceda à alteração das condições de funcionamento a EB1 de Bela.

Perante as explicações do autarca, um grupo de moradores, que assistia no Fórum de Ermesinde à assembleia municipal, levantou-se indignado, desceu as escadas do anfiteatro e, de dedo em riste, subiram ao palco para pedir explicações a Fernando Melo.

Eleições dentro de um ano

Enquanto isto acontecia, na assistência havia quem lembrasse que para o ano há eleições autárquicas e que na altura de pedir os votos as pessoas não vão esquecer as promessas não cumpridas por parte da Câmara de Valongo. Uma moradora fez questão de dizer que “há muitos anos que ouve falar das obras na escola, desde o tempo em que a sua filha, hoje com 17 anos, era lá aluna”, declarou.

Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Valongo comunga das críticas feitas pela população relativamente aos problemas que afectam o centro de saúde, e até considera que “há razões para as pessoas ficarem em pânico. E aproveita para dizer que o novo centro de saúde foi construído em terreno cedido pela autarquia e que “nunca a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte lhe agradeceu ou o convidou para acompanhar as obras do centro”. “A única excepção é o senhor director do centro de saúde”, ressalvou.

Melo tentou passar uma mensagem de serenidade, disse que esteve sempre calmo, perante a agitação que aconteceu e até disse que as “pessoas não sabem que os centros de saúde são da competência do Governo e perante um problema reagem sempre junto daqueles que estão mais próximo”. Nesta caso, diz, “a única coisa que podemos fazer é sensibilizar a ARS do Norte para os problemas e foi o que já fizemos”, adiantou o autarca que não viu com bons olhos os protestos feitos quanto à Escola EB1 da Bela, embora tenha reconhecido que quando chove a água fica acumulada junto ao portão de acesso à escola. “A câmara tem um projecto para recuperar 27 escolas e construir nove outras de raiz”, revelou, assegurando que a EB1 de Bela é uma das que vai sofrer obras de reabilitação.

Quem assistiu à reunião garante que foi um das mais agitadas assembleias municipais de Valongo. E Melo percebeu que tem pouca margem para continuar a fazer “tábua rasa” dos problemas do concelho. Para alguns, tratou-se de um aviso, par outro foi já um cartão a vermelho à gestão social-democrata, que para o ano vai ser julgada pelo eleitorado.

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