Sócrates promete investimento sem precedentes no plano tecnológico da educação

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O primeiro-ministro defendeu os resultados das políticas educativas nos últimos dois anos Carlos Lopes (arquivo)

O primeiro-ministro afirmou hoje que haverá nos próximos anos um investimento sem precedentes no plano tecnológico para a educação, num discurso em que criticou os resultados das políticas educativas dos governos anteriores, incluindo os de Guterres.

José Sócrates discursava no Convento do Beato, em Lisboa, no final de uma cerimónia de assinatura de acordos entre o Governo e 30 empresas de tecnologias de informação e comunicação (TIC) para a abertura de 300 estágios ao nível do ensino profissionalizante.

Na sua intervenção, feita de improviso, o primeiro-ministro defendeu os resultados das políticas educativas nos últimos dois anos - atribuindo o "sucesso" de haver aumento de alunos e mais sucesso escolar à escola pública e aos professores" - e prometeu que, nos próximos anos, haverá investimento no plano tecnológico da educação "como nunca foram feitos até hoje".

Segundo Sócrates, já no próximo ano lectivo, as escolas terão um aumento da velocidade da Internet em banda larga de 40 para 100 megabytes, as salas estarão equipadas com quadros electrónicos interactivos e, a prazo, o objectivo é ter um computador por cada dois alunos.

Para o reforço da segurança nas escolas, o primeiro-ministro referiu que continuará a ser desenvolvida a vídeovigilância e os estudantes passarão a pagar todas as suas despesas dentro da escola com o cartão de aluno.

"Ainda este ano será lançado o concurso para a requalificação de mais de 30 escolas secundárias. Queremos escolas de vanguarda em todo o país", declarou Sócrates, numa cerimónia que contou com a participação dos ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, das Obras Públicas, Mário Lino, da Economia, Mário Lino, e do Ambiente, Nunes Correia, além de cinco secretários de Estado.

Primeiro-ministro volta a comparar-se com Guterres

Perante uma plateia de empresários e de professores ligados aos cursos profissionais, o primeiro-ministro saiu em defesa da política educativa seguida nos últimos dois anos por Maria de Lurdes Rodrigues. Sócrates entrou então em sucessivas comparações entre os resultados mais recentes e aqueles que foram atingidos pelos governos socialistas de António Guterres e dos executivos PSD/CDS de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes.


De acordo com a tese do primeiro-ministro, entre 1995 e 2005 "duplicou o investimento na educação, aumentou o número de professores, mas baixou o número de alunos e subiu o insucesso escolar". "Nos últimos dois anos, com o mesmo dinheiro, aumentaram os alunos e baixou o insucesso escolar", sustentou, atribuindo esses resultados "à aposta do Governo nos cursos profissionais". Neste contexto, José Sócrates disse que o Governo continuará a apostar neste tipo de ensino.

"Em dois anos, passámos de uma oferta de 20 por cento para 40 por cento. No próximo ano lectivo, serão abertas mais 15 mil vagas no ensino profissionalizante, que passará a representar 50 por cento do total" ao nível do sistema educativo, referiu. De acordo com Sócrates, para serem obtidos estes resultados, o seu Governo "não teve que inventar a roda", porque se limitou "a seguir as recomendações internacionais".

Segundo a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, este programa segue recomendações internacionais que "apontam há muito como um problema grave o défice de qualificação dos portugueses", nomeadamente o insuficiente número de jovens que conclui o secundário, especialmente nas vias profissionalizantes. "O objectivo do Governo é atingir no próximo ano a meta dos cinquenta por cento, ou seja, que metade dos alunos do ensino secundário façam essa frequência nos cursos profissionais e vocacionais", afirmou a ministra da Educação, salientando que este ano, no momento da entrada no 10º ano, "já 40 por cento dos alunos estão em vias profissionais".

Segundo Maria de Lurdes Rodrigues, o plano não é desviar alunos da via de prosseguimento de estudos, mas ir buscar alunos às taxas de insucesso e de abandono escolar. "Esta diversificação da oferta o que faz é responder melhor às expectativas dos jovens em determinada idade", afirmou, explicando que "os cursos profissionais permitem também o prosseguimento de estudos".

"O que acontece é que dão aos jovens uma dupla ferramenta: podem prosseguir estudos ou podem entrar no mercado de trabalho com uma qualificação profissional", concluiu. Em relação ao projecto de requalificação de escolas secundárias, Maria de Lurdes Rodrigues especificou ainda que as obras deverão rondar "o valor total na ordem dos mil milhões de euros, vindos de fundos comunitários". "O objectivo final é em 2014 ter feito a modernização de todas as escolas do ensino secundário", afirmou.

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