FMI alerta governos para pressões inflacionistas

Rodrigo Rato afasta a possilidade de os actuais desequilíbrios virem a conduzir a uma recessão a nível global
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Rodrigo Rato afasta a possilidade de os actuais desequilíbrios virem a conduzir a uma recessão a nível global Paul Hanna/Reuters (arquivo)
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O comité financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou aos governos e bancos centrais que tomem medidas para a estabilização dos preços, perante a turbulência dos mercados internacionais, o aumento do preço do petróleo e outros indicadores de pressões inflacionistas que ameaçam a economia dos países mais desenvolvidos.

Num comunicado emitido no sábado à noite, no final das reuniões anuais da instituição, o comité pediu uma "contínua vigilância para manter os mercados financeiros a funcionar de forma equilibrada", depois da convulsão sofrida com o colapso do mercado de subprime dos Estados Unidos. Na resposta, os ministros comprometeram-se a "continuar a trabalhar em conjunto para analisar a natureza destas perturbações e considerar lições e acções necessárias para prevenir crises futuras".

O presidente da instituição, Rodrigo Rato, afastou contudo a perspectiva de que os actuais desequilíbrios venham a conduzir a uma recessão a nível global, avisando embora que a actual instabilidade do sector financeiro "vai permanecer nos mercados ainda durante algum tempo". "Os riscos económicos são bem maiores hoje do que há alguns meses atrás. O crescimento vai desacelarar, mas certamente não de uma forma dramática", estimou.

Ontem, em Washington, as atenções voltavam-se para a reunião anual do Banco Mundial (BM), a instituição irmã do FMI, e para as estratégias definidas pelo novo presidente, Robert Zoellick, para cumprir a missão de combate à pobreza e ajuda ao desenvolvimento que está na sua génese. "Os compromissos do banco devem ficar limitados aos programas que claramente cumpram os seus objectivos de promoção do crescimento económico e de redução da pobreza", sublinhou Zoellick.

O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, considerou que o banco deve continuar a concentrar os seus esforços e recursos no apoio aos países mais pobres do mundo e refrear os empréstimos à China, Índia e outros chamados "middle income countries" - que em 2006 absorveram cerca de metade dos 23 mil milhões de dólares distribuídos pelo BM.

"Acreditamos que o banco pode continuar a ajudar estes países, mas deverá fazê-lo de uma forma mais focalizada, eficiente e selectiva, facultando o seu conhecimento técnico e não o seu financiamento", acrescentou Paulson, notando que a maior parte dessas nações já alcançou um grau de desenvolvimento económico que lhes permite captar facilmente o capital privado.

Embora elogiando as propostas de Zoellick para aumentar o orçamento disponível para a Internacional Development Association (IDA), Paulson não deixou de assinalar o descontentamento dos Estados Unidos com a "lentidão e ineficiência" da organização na distribuição dos seus recursos, e ainda com o controlo sobre os resultados dos seus programas.

Robert Zoellick já obteve o acordo dos Estados-membros para reforçar significativamente a participação do BM no orçamento da IDA, a agência responsável por empréstimos sem juros aos países pobres, que até agora era sobretudo financiada por doações dos países. De acordo com a sua proposta, o Banco disponibilizará 3500 milhões de dólares dos seus fundos próprios e procurará obter mais contributos de empresas privadas.

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