Capitania da Nazaré ordena desmantelamento do barco "Luz do Sameiro"

Foto
A embarcação naufragou em Dezembro, provocando a morte a seis dos seus tripulantes Rui Gaudêncio/PÚBLICO (arquivo)

A Capitania da Nazaré ordenou o desmantelamento da embarcação "Luz do Sameiro", encalhado há seis meses na praia da Légua, admitindo que sejas as autoridades a fazê-lo caso a ordem não seja acatada pelos proprietários.

"Já ordenámos o desmantelamento. Se não houver resposta vamos nós retirar o barco e depois apresentamos a conta ao armador", disse José Miguel Neto, comandante do porto da Nazaré.

A ordem já foi encaminhada através da Capitania de Vila do Conde, onde está registada a embarcação, e agora o armador terá de dar uma resposta, disse José Miguel Neto.

No entanto, o comandante da capitania não espera que o desmantelamento e a remoção do barco tenham início durante a época balnear, até porque esse trabalho seria "perigoso". Assim, a capitania já acordou com a câmara de Alcobaça (concelho a que pertence a praia da Légua) a colocação de uma "paliçada à volta do barco para evitar que o acesso" à embarcação. "Ainda há lá objectos contundentes que podem causar problemas", reconheceu José Miguel Neto, lamentando os atrasos na remoção do pesqueiro.

Proprietária diz que a responsabilidade é da seguradora

Conceição Marafona, proprietária do barco, considera que a responsabilidade de retirar o barco da areia é da seguradora, já que "todos os pagamentos da apólice estavam em dia".

A seguradora declarou perda total do barco e decidiu indemnizar os proprietários em 200 mil euros, quando a embarcação custou 428 mil euros, disse Conceição Marafona. "Não estava à espera desta resposta" porque o "barco estava novo e tinha boas condições", desabafou a proprietária, que critica a posição da companhia de seguros.

"Nós não queremos o dinheiro. Eles até podiam arranjar o barco porque temos um filho que podia pegar nele", afirmou Conceição Marafona, que perdeu um filho no naufrágio de Dezembro.

O barco encalhou na areia a poucos metros da zona de rebentação, causando a morte a seis tripulantes. A embarcação foi atingida durante vários dias pelas ondas, que danificaram severamente a estrutura.

Dias depois, o barco foi rebocado do mar para uma zona do areal a salvo das ondas e foi retirado o combustível de que ainda dispunha. Em Março, um incêndio de origens desconhecidas destruiu ainda mais a carcaça da embarcação, que permanece encalhada no areal da praia da Légua dentro da área concessionada.

A presença do barco no areal indigna as autoridades mas também os banhistas, reconheceu Nélio Gomes, comandante dos bombeiros de Pataias. "Ninguém vai querer ir para lá, com um barco daquele tamanho encalhado e com a história trágica subjacente", afirmou.

A praia chegou a receber uma Bandeira Azul, mas o galardão não foi hasteado por falta de apoios para os concessionários, mas também pelo facto de o barco permanecer no areal. "Já é tempo de o barco ser retirado", desabafou Nélio Gomes.

Sugerir correcção
Comentar