Presidente do Instituto da Droga defende instalação de salas de injecção assistida

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O presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, defendeu hoje a instalação de salas de injecção assistida, nomeadamente em Lisboa e no Porto, como alternativa às "salas de chuto em cena aberta".

"Pretendemos instalar salas de injecção assistida em zonas onde esses consumos [de droga por via injectável] se efectuam em condições de extrema degradação", disse João Goulão, em declarações aos jornalistas à margem da apresentação do Plano Estratégico Nacional de Luta Contra a Droga 2005/2008.

Referindo-se ao Plano Estratégico Nacional de Luta Contra a Droga 2005/2008, que apresentou hoje ainda em versão preliminar, João Goulão disse que uma das apostas se centra nos consumos em ambiente recreativo, nomeadamente drogas sintéticas e cocaína. "As pessoas que têm esse tipo de consumo não se dirigem normalmente aos serviços de apoio por iniciativa própria. Então temos necessidade de encontrar novas respostas e adequar as que temos a essa nova realidade", disse.

Este grupo de consumidores é constituído por pessoas que não assumem a sua dependência, "nomeadamente populações bem posicionadas económica e socialmente", assinalou, explicando que o objectivo do IDT é fazer deslocar equipas de intervenção aos locais onde se concentram esses toxicodependentes.

"As equipas actuarão no sentido de tentar diminuir os consumos ou pelo menos evitar os riscos mais evidentes com eles relacionados", notou.

João Goulão sublinhou, entretanto, que o IDT não vai descurar as respostas instaladas para os consumos clássicos que, como saudou, estão em regressão. "Temos uma perda relativa da importância dos consumos problemáticos. É evidente que há novos consumos, novas substâncias, mas aqueles mais prejudiciais para a saúde individual e colectiva estão de facto a mudar", anotou.

O presidente do IDT sublinhou que a estratégia de combate à droga até 2008 passa também pela realização de diagnósticos locais "com uma base territorial tão apertada quanto possível", envolvendo serviços desconcentrados do Governo, municípios e organizações não governamentais. Estes diagnósticos permitirão traçar estratégias de combate à toxicodependência adequadas às distintas realidades locais, que se pretende sejam desenvolvidas de forma integrada pelos vários serviços envolvidos, "pondo a centralidade no cidadão e não na substância".

João Goulão explicou que o novo plano de combate à droga é um ajustamento ao documento de estratégia de 1999 que considerou "perfeitamente válido". "Do que se trata é de fazer pequenas adequações à nova realidade".

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