Descoberto o planeta mais pequeno noutro sistema solar

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Já se localizaram 150 planetas noutros sistemas solares desde 1995 NASA

Foi acrescentado um membro especial à lista de planetas noutros sistemas solares - o planeta mais pequeno, caso se confirme a descoberta. Apesar da pequenez, tem sete vezes e meia a massa da Terra. A equipa de cientistas, dos Estados Unidos, diz que pode ser rochoso.

Mas, ao invés do que afirmam, não é o primeiro planeta extra-solar com uma superfície sólida detectado em redor de uma estrela mais ou menos parecida com o Sol. No ano passado, encontraram-se dois, um deles por uma equipa que incluía um português.

Já se localizaram 150 planetas noutros sistemas solares desde 1995, quando foi descoberto o primeiro por Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório Astronómico de Genebra (Suíça). Mas quase todos são gasosos e ultrapassam a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, feito de gases e sem uma superfície dura, ou pelo menos de Urano, um gigante gelado com cerca de 15 vezes a massa da Terra.

Agora, a equipa dos famosos caçadores de planetas Geoffrey Marcy (da Universidade da Califórnia, em Berkeley) e Paul Butler (da Carnegie Institution de Washington) trouxe algo de novo a essa lista, com a localização do planeta mais pequeno.

Tem só sete vezes e meia a massa da Terra (Júpiter tem 318 vezes a massa do nosso planeta). Está a 15 anos-luz da Terra. Em termos cósmicos, é nosso vizinho.

Orbita a estrela Gliese 876, com um terço da massa do Sol, na direcção da constelação do Aquário, diz um comunicado da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que financiou o trabalho.

Em redor da Gliese 876, a equipa de Marcy e Butler já tinha descoberto dois planetas gasosos, em 1998 e 2001, ambos gigantes. Fizeram-no através de um método que detecta oscilações periódicas na posição da estrela, ora para a frente, ora para trás, à medida que algo a orbitava. Esse algo pode ser um planeta.

Mas o modelo com dois planetas, detectados no Observatório Keck, no Havai, continuava a não conseguir explicar todas as oscilações da estrela - por isso os cientistas inferiram a existência de um terceiro. O problema é que os dois planetas influenciam a órbita um do outro, que muda muito em pouco tempo, diz Nuno Santos, do Observatório Astronómico de Lisboa e que integra a equipa de Mayor e Queloz. É então preciso saber muito bem qual é essa influência mútua para perceber que oscilações causam na estrela, porque os efeitos observados nela tanto podem dever-se a um terceiro planeta, como aos dois já conhecidos.

A equipa dos norte-americanos anunciou a descoberta numa conferência nos EUA e enviou o artigo para a revista The Astrophysical Journal. Quando fez o anúncio, ainda não tinha sido aceite para publicação, o que só sucede após ser avaliado por outros cientistas.

No comunicado sublinha-se um lado inédito da descoberta, que afinal não é inédito. "Pela primeira vez, temos provas da existência de um planeta rochoso à volta de uma estrela normal", dizia Marcy.

Nuno Santos lembra que no ano passado a sua equipa anunciou a descoberta de um planeta rochoso em torno de uma estrela como o Sol. "Tem tantas probabilidade de ser rochoso como aquele que descobriram agora."

A diferença é que o planeta localizado pela equipa do português, a 50 anos-luz da Terra, à volta da estrela mu Arae, é maior. Tem 14 massas terrestres.

Marcy e Butler acusavam então a equipa de Nuno Santos de que o seu artigo não sido aceite para publicação, enquanto o seu sim. "E agora fazem o mesmo." O artigo dos europeus já saiu na Astronomy & Astrophysics.

Assim, a equipa de Marcy e Butler terão localizado o terceiro planeta rochoso, envolvido numa forte competição entre norte-americanos e europeus. Não deixa de ser mais um passo para responder à pergunta: estamos sozinhos no Universo?

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