Ana Hatherly recebe Prémio da Crítica 2003

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Ana Hatherly tem trabalhos publicados em 16 línguas Adriano Miranda/PÚBLICO

A escritora Ana Hatherly foi distinguida com o Prémio da Crítica 2003 da Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL) pelo livro "O Pavão Negro", disse hoje o presidente da APCL.

"No valor de cinco mil euros, o prémio destina-se a galardoar a obra completa de um escritor a pretexto da publicação de um livro, mas trata-se de um prémio de consagração", disse Liberto Cruz.

Segundo o presidente da APCL, o Prémio da Crítica 2003 só foi atribuído agora, uma vez que a associação, fundada a partir de secção portuguesa da Associação Internacional dos Críticos Literários, foi constituída recentemente.

Carlos Jorge Figueiredo Jorge, Manuel Simões e José Fernandes Tavares - críticos literários e membros da APCL - foram os membros do júri que distinguiu Ana Hatherly.

A cerimónia de entrega do prémio, financiado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), ainda não tem data marcada, sublinhou Liberto Cruz.

Em 2002, o Prémio da Crítica foi atribuído "ex-aequo" a João Rui de Sousa e António Baptista-Bastos.

Miguel Torga, José Cardoso Pires, Sophia de Mello Breyner e David Mourão-Ferreira foram alguns dos escritores galardoados com o Prémio da Crítica.

Romancista, poetisa, tradutora, investigadora e ensaísta, Ana Hatherly iniciou a carreira literária em 1958 e foi um dos principais elementos do grupo de Poesia Experimental nos anos 60 e 70.

Em 2003, quando arrebatou o prémio francês Évelyne Encelot - que distingue mulheres europeias pelos feitos nas artes ou ciências -, mostrou-se surpreendida com o galardão, sublinhando que em mais de 40 anos de carreira literária esteve sempre a "trabalhar contra a maré, à margem".

Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Lisboa e doutorada em Literaturas Hispânicas pela Universidade de Berkley, nos Estados Unidos, é docente de Literatura Portuguesa na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Com trabalhos publicados em várias antologias e livros de história da Literatura Portuguesa no Brasil, Espanha, Inglaterra, Alemanha, EUA, Dinamarca, Suécia, Holanda, República Checa e Portugal, Ana Hatherly tem trabalhos publicados em 16 línguas.

"Um Ritmo Perdido" (1958), "Aparências" (1959), "Anagramático" (1970), "O Escritor" (1975), "O Cisne Intacto" (1983), "A Cidade das Palavras" (1988), "A Idade da escrita" (1998) e "O Pavão Negro" (2003), contam-se entre as obras poéticas da autora.

Em prosa escreveu "O Mestre" (1963), "Crónicas, Anacrónicas, Quase-Tisanas e outras Neo-Prosas" (1977) e "Anacrusa" (1983), para além de ter assinado vários ensaios sobre poesia, crítica e leitura.

Com o livro "O Ladrão Cristalino" ganhou, em 2000, o Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores, editado em 1997, e em 2001 o Pen Clube distinguiu-a com o Prémio de Poesia pela obra "Rilkeana".

Como artista plástica expôs obras de desenho, pintura e colagem no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, na Fundação de Serralves e no Museu do Chiado, onde, em 2003, foi lançado o livro "Mão Inteligente", que reúne a sua obra nas artes visuais entre a década de 60 e 2002.

Divulgada nas bienais de Veneza e São Paulo, Ana Hatherly alargou o seu desempenho à área do cinema, tendo realizado quatro películas no London Film Institute, onde trabalhou como cineasta entre 1971 e 1974.

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