ITER: Impasse marca reunião para decidir localização do reactor

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Um membro de uma das delegações presentes disse que as posições estão divididas, três contra três Lawrence Jackson/AP

Decidir qual a localização para o futuro reactor experimental de fusão nuclear (ITER) - Japão ou França - é o objectivo dos ministros dos seis países parceiros do projecto, reunidos hoje perto em Reston, perto de Washington. No entanto, o encontro está num impasse e há quem duvide de um consenso.

Um membro de uma delegação presente na reunião ministerial, em anonimato, considerou "pouco provável que a escolha de um local seja decidida ainda hoje porque ainda não se chegou a consenso. As posições estão divididas, três contra três".

A União Europeia, Rússia e China defendem Cadarache, no Sul da França, enquanto que os Estados Unidos - que abandonaram o projecto em 1998 e regressaram este ano -, Coreia do Sul e Japão preferem Rokkasho-Mura, no Norte do Japão. Este local tem as vantagens de estar próximo de um porto e de uma base militar norte-americana e ter um solo rochoso sólido. Por seu lado, Cadarache oferece infraestruturas de investigação e um clima mais moderado.

"Temos as estruturas e ambientes científico e técnico para garantir que este sistema pode começar com competência, experiência e segurança", defendeu o ministro francês da Investigação, Claudie Haignere, citado pela BBC online.

"Se o nosso local for escolhido, Japão vai cobrir os custos que sejam precisos", garantiu Hidekazu Tanaka, do Ministério japonês da Tecnologia e Ciência.

ITER poderá revolucionar métodos de produção energética

O objectivo do ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor)- um reactor termonuclear que os cientistas esperam poder revolucionar os métodos de produção energética - é, em última instância, demonstrar as potencialidades da energia obtida a partir de um processo de fusão nuclear como alternativa viável aos combustíveis fósseis, como o petróleo ou o gás natural.

A construção do reactor nuclear é o último passo na tentativa de desenvolver e rentabilizar em laboratório o mesmo processo que está na origem da energia produzida pelo Sol e as outras estrelas. Numa reacção de fusão, a energia é produzida quando dois átomos leves (de elementos como o lítio, o trítio e o deutério) são "fundidos", com o intuito de criar átomos mais pesados.

Para viabilizar as reacções de fusão de forma a que possam ser tidas como fontes de energia, são necessárias temperaturas superiores a cem milhões de graus Celsius, de forma a que o combustível utilizado mude de estado, passando de gás a plasma, outro dos estados da matéria.

Quando expostas a estas condições, as partículas de plasma - provenientes do deutério e do trítio, que existem em abundância na natureza - fundem-se para formar hélio e neutrões de alta velocidade, libertando dessa forma quantidades consideráveis de energia.

O ITER não é mais que a panelinha que deverá ser capaz de suportar a temperatura do plasma necessária ao desenvolvimento das reacções de fusão.

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