Chefes de Estado querem desenvolvimento de vertente social da UE

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No final da reunião informal, Sampaio disse que o processo de revisão do Tratado da UE apenas tratará de ajustes para Portugal Nuno Veiga/Lusa

Os chefes de Estado de Portugal, Alemanha, Hungria, Finlândia, Polónia e Letónia deram hoje, numa mini-cimeira em Arraiolos, o seu apoio ao desenvolvimento da vertente social da União Europeia (UE) e à existência de um "equilíbrio" nas relações transatlânticas.

Reunidos informalmente em Arraiolos, o "grupo dos seis" presidentes da República considerou existir na UE um "défice de debate" sobre as grandes questões que se colocam aos 25 futuros Estados-membros.

Esse "défice de debate", dizem, tem permitido "explorar caricaturas negativas, temores emocionais, ou tombar em recorrentes crises de euro pessimismo".

No capítulo social, os chefes de Estado da Finlândia e da Alemanha, Tarja Halonen e Johannes Rau - os dois países mais ricos dentro deste grupo de seis nações -, sublinharam o seu apoio aos princípios da coesão económica e social da UE.

"A União Europeia não se pode desenvolver sem consenso, com um país a pretender ser número um dos outros", sustentou o chefe de Estado germânico, após a sua homóloga finlandesa ter sublinhado "a importância da coordenação económica" entre os diferentes Estados membros e do "combate à pobreza" - objectivos que lembrou terem partido da presidência portuguesa no primeiro semestre de 2000.

Quanto a questões concretas, como a que se relaciona com a controvérsia em torno das regras do Pacto de Estabilidade orçamental da UE, os seis Presidentes mostraram-se cautelosos. "Não estamos aqui para substituir a Conferência Intergovernamental [a conferência dos governos dos 25 que prepara a Constituição Europeia], nem qualquer Conselho de Ministros da União", advertiu o presidente da República.

Segundo Jorge Sampaio, o objectivo da reunião dos Presidentes da República foi o de "mobilizar os cidadãos para o projecto europeu".

O presidente da República da Hungria, Ferenc Madl, deu uma resposta directa sobre a controvérsia em torno da disciplina orçamental exigida pelo Pacto de Estabilidade. "A União Europeia passou muitos anos a falar de política monetária, de défices orçamentais e esqueceu-se da sua dimensão cultural e civilizacional", declarou.

No final da reunião informal, Sampaio disse aos jornalistas que o processo de revisão do Tratado da UE apenas tratará de "ajustes" para Portugal, mas sublinhou a importância do respeito pelo princípio da igualdade entre Estados-membros. "A União Europeia é a grande aventura da nossa geração. Trata-se de um processo não isolacionista e a nossa opção é essa. A seguir [para Portugal] são ajustes", declarou.

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