Wilders e Rutte são mascotes digitais na corrida eleitoral da Holanda

A campanha está a deixar muitos holandeses deprimidos com a hipótese de vitória da extrema-direita. O humor é a saída

Foto
Wilders entre manifestantes com cartazes a favor de refugiados Koen van Weel/EPA

O modo de ter influência política nestas eleições na Holanda? Cuidar de um político-tamagotchi. É essa a ideia do programa de humor Zondag met Lubach (Domingo com Lubach), uma aplicação para telemóvel em que se o utilizador não cuidar do político virtual até às eleições de 15 de Março... ele morre (virtualmente, claro).   

O programa ganhou fama mundial com a sua campanha “Holanda segundo” em resposta ao lema de Trump “América primeiro”, que inspirou depois uma série de sequelas com outros países a quererem ocupar o segundo lugar.

Agora virando-se para o seu próprio populista, o programa quis dar aos holandeses a oportunidade para estar mais perto dos seus políticos: transformando-os em animais de estimação digitais, como os tamagotchi, as mascotes electrónicas japonesas dos anos 1990 que vinham em dispositivos do tamanho de porta-chaves e que precisavam de ser alimentados e tratados – se não, morriam.

A app chama-se Kamergotchi, um jogo de palavras entre a palavra para Parlamento (na verdade, a câmara baixa do Parlamento – Kamer) e Tamagotchi.  “Mantém o líder do partido vivo tanto quanto possível dando-lhe comida, atenção e informação”, diz a app, concluindo: “Nunca tiveste tanta influência política.”

No entanto, os utilizadores não podem escolher o seu líder: ao instalar a app recebem um ovo, e do ovo sairá, aleatoriamente, um dos líderes dos 17 partidos com assento parlamentar do país. Segundo a conta do Twitter da app, já 220 mil pessoas estão a usá-la.

O jogo dura até dia 12 de Março, o último domingo antes das eleições de dia 15, uma terça-feira, quando se verá quais foram os líderes mais bem tratados.

O partido de extrema-direita e islamófobo de Wilders tem liderado as sondagens com cerca de 17% das intenções de voto, logo seguido do partido liberal do primeiro-ministro, Mark Rutte, o que num parlamento com tanta fragmentação torna difícil fazer prognósticos – excepto um: os grandes partidos já afirmaram que não entrariam num Governo com Wilders.

Este começou a campanha no fim-de-semana a prometer tratar da "escumalha marroquina" na Holanda.

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