Concorrente do Big Brother Brasil expulso do programa por agredir namorada

A atitude agressiva de Marcos Harter pode constituir crime de violência doméstica, com pena de até três anos de prisão.

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Reality show é transmitido pela Globo DR

Um homem grita com a companheira, empurra-a contra uma parede, diz-lhe que "a culpa é toda" dela. A mulher queixa-se de ter ficado com os pulsos a doer e das marcas nos braços por causa dos apertões. Descrições como esta são infelizmente comuns em episódios de violência doméstica, mas, neste caso, aconteceram num reality show.

Marcos Harter, um concorrente da 17.ª edição do Big Brother Brasil, tratou desta forma a sua namorada, a jovem Emilly Araújo, que conheceu no programa. A relação entre o médico de 37 anos e a estudante de 20 já tinha chamado a atenção nas redes sociais e nos blogues, que há muito tempo a classificavam como abusiva.

Mas na segunda-feira, depois de Emilly se ter queixado das marcas deixadas pelo namorado na sequência de mais uma discussão na madrugada de domingo, a Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar o aparente caso de violência doméstica.

A delegada Viviane da Costa, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) local, fez uma visita aos estúdios da TV Globo para avaliar as imagens e recolher depoimentos do casal, de acordo com a imprensa brasileira.

A responsável pela DEAM de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, exigiu que Emilly Araújo fosse submetida a um exame médico para avaliar se houve lesão corporal e que fosse informada acerca dos seus direitos enquanto vítima de violência numa relação de intimidade.

Lei Maria da Penha

No Brasil, como em Portugal, a violência doméstica é crime público. A Lei Maria da Penha, aprovada em 2006, permitiu a introdução de cada vez mais políticas de protecção das mulheres, que constituem a esmagadora maioria das vítimas de violência em relações de intimidade.

A delegada Márcia Noeli Barreto, directora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro, afirmou ao site G1 que as imagens de Marcos a intimidar a estudante, gritando-lhe com o dedo em riste, tinham chamado a atenção das autoridades durante o fim-de-semana.

“Isso já configura violência psicológica, mas teríamos de esperar a vítima procurar a polícia”, explicou a responsável. Contudo, ao serem transmitidas as imagens nas quais Emilly se queixa das dores, “o caso muda para lesão corporal, em que não é necessário aguardar a vítima se manifestar”, adianta a delegada. 

As agressões de Marcos Harter podem ser enquadradas na Lei Maria da Penha e, caso seja condenado, a pena pode ir de um a três anos de prisão. O cirurgião plástico, que foi expulso do programa na segunda-feira à noite, deverá ser ouvido na esquadra esta quarta-feira.

A TV Globo esteve debaixo de fogo dos telespectadores até reagir à agressão. Depois de elogiada pela suspensão do actor José Mayer na sequência de uma denúncia de assédio sexual, a estação foi duramente criticada por não actuar num caso de violência explícita.

Quando foi finalmente anunciada a expulsão do concorrente, na segunda-feira, o apresentador do Big Brother Brasil, Tiago Leifert, afirmou que as conversas com Emilly Araújo permitiram provar os indícios de agressões físicas. Ao confortar a jovem, que começou a chorar quando soube da expulsão do companheiro, o apresentador sublinhou: “Emilly, a culpa não é sua. A culpa nunca é da vítima.”

O ex-concorrente Marcos Harter, por seu lado, já veio afirmar que nunca teve a intenção de magoar a namorada. “Jamais tive a intenção de machucar física ou emocionalmente uma pessoa pela qual nutri tanto carinho e afecto”, afirmou numa publicação no Twitter. O médico, que se afirma surpreso, justifica-se: “O programa tem um formato destinado a levar o nosso emocional ao limite, e, consequentemente, os nervos à flor da pele.”

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