Trump responde aos protestos: "Agrada-me que mostrem paixão pelo nosso país"

A contestação a Trump surgiu em muitas grandes cidades dos EUA. O movimento não tem uma base comum, cada grupo acusou o Presidente eleito por uma coisa diferente. Há protestos marcados para o fim-de-semana.

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Manifestação em Chicago Reuters

Portland, Nova Iorque, Oakland, Los Angeles, Filadélfia, Minneapolis, Baltimore, São Francisco — foram três noites de protestos, espera-se para esta sexta-feira uma quarta e mais algumas nos próximos dias. Alguns milhares de americanos juntam-se, ao cair da noite, para rejeitar a eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos.

Em cada cidade, palavras de ordem diferentes: Trump é racista, Trump é xenófobo, Trump é uma ofensa para as mulheres, Trump embaraça a América aos olhos do mundo. Em cada cidade, um grupo bem diferente: negros num lado, mulheres no outro, jovens, pessoas de identidade difícil de perceber porque têm os rostos tapados com máscaras, a cabeça oculta por capuzes.

Alguns milhares de pessoas protestam contra a eleição de Trump, mas neste movimento de rejeição, há pouco em comum. Cada grupo puxa pela sua agenda — pelo menos até agora foi assim —, o que torna difícil fazer generalizações do género "a América manifesta-se contra Trump".

Talvez Trump tenha percebido isso. Talvez espere que, com o passar dos dias, o protesto se dilua. Ou percebeu, simplesmente, que o seu papel já não é o de candidato mas de Presidente de um país enorme e diverso. A verdade é que, se num primeiro momento reagiu "à Trump", acusando os media de estarem a instigar o ódio contra si e a alimentar a rejeição de um processo democrático, logo de seguida recuou.

"Agrada-me o facto de que este pequeno grupo de manifestantes mostre que tem paixão pelo nosso país. Iremos unir-nos e iremos ficar orgulhosos", disse, através do Twitter.

Em Nova Iorque, os protestos concentraram-se junto à Trump Tower da quinta avenida, onde Trump mora. Como relatou o enviado do PÚBLICO às eleições presidenciais dos EUA, Alexandre Martins, a manifestação desta quinta-feira era bem menor do que na quarta-feira. O grupo era essencialmente composto de jovens ligados ao movimento Occupy, alguns com bandeiras da Palestina, outros com máscaras dos Anonymous.

Em Portland, o protesto transformou-se em motim. Quatro mil pessoas marchavam, diz a CNN, quando um pequeno grupo identificado como "anarquistas" se infiltrou e começou a lançar objectos contra a polícia. De seguida, vandalizou montras e veículos estacionados nas ruas. A polícia avançou, houve confrontos, 26 pessoas foram detidas entre o grupo agressor, segundo a polícia.

Em Oakland, onde marcharam mil pessoas, montras também foram partidas e foram atirados cocktails Molotov. Em Los Angeles, 185 manifestantes foram detidos, anunciou polícia, alguns por terem tentado bloquear estradas. O grupo concentrou-se em frente da câmara municipal e cantou "Não é o meu Presidente". Também foram detidas algumas pessoas que arremessaram garrafas a polícias — forças policiais foram destacadas para junto de todos os protestos — e um carro da polícia foi vandalizado, segundo a ABC.

Em frente à Casa Branca, gritou-se "Presidente racista" — os media americanos notam que foi aqui que se juntaram mais cidadãos negros. Em Filadélfia, onde o "racismo" também foi palavra de ordem, a manifestação foi ordeira como em Washington (e São Francisco) e a inquetação dos cidadãos era os danos que Trump pode fazer à imagem da América.

Para o fim-de-semana estão marcados novos protestos: em Nova Iorque foi marcada uma marcha para este sábado à noite — entre Union Square e a Trump Tower — que os organizadores esperam que junte dez mil pessoas. Há acções marcadas para outras cidades.

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