Trump aumenta a pressão para que China castigue Pyongyang

Washington diz que Pequim não está a fazer o suficiente para manter o regime norte-coreano em xeque.

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Donald Trump quer que a China exerça influência junto de Pyongyang Reuters/JONATHAN ERNST

Washington e Pequim continuam a tentar encontrar a melhor estratégia para lidar com a assertividade crescente da Coreia do Norte. O mais recente episódio envolveu o estudante norte-americano que acabou por morrer após ter sido preso pelo regime liderado por Kim Jong-un.

As chefias diplomáticas e militares dos EUA e da China encontram-se esta semana em Washington para uma conferência bilateral sobre segurança – a primeira desde a cimeira dos presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Florida em Abril. O Departamento de Estado norte-americano afirmou que a Coreia do Norte será “a grande prioridade” da cimeira.

O encontro acontece um dia depois da morte de Otto Warmbier, o estudante norte-americano de 22 anos que esteve preso durante um ano na Coreia do Norte. Warmbier tinha regressado aos EUA na semana passada em estado de coma, que a família atribui aos maus-tratos de que terá sido alvo durante o tempo em que esteve detido.

A reunião entre os responsáveis dos dois países serve sobretudo para avaliar os progressos realizados nos últimos meses para travar o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano. Na terça-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, manifestou algum desapontamento em relação à falta de progressos neste dossier. “Apesar de valorizar os esforços do Presidente Xi [Jinping] e da China para ajudar em relação à Coreia do Norte, isso não está a funcionar. Pelo menos sei que a China tentou!”, escreveu no Twitter.

A declaração de Trump parece sugerir uma mudança na estratégia norte-americana para conter a Coreia do Norte. O Presidente norte-americano já disse várias vezes estar disposto a negociar directamente com Pyongyang, mas tem deixado a iniciativa junto de Pequim. O objectivo da mensagem é sobretudo dirigido ao encontro desta quarta-feira.

“Ele está a tentar criar as condições para que [o secretário de Estado, Rex] Tillerson envie uma mensagem muito dura para os chineses”, disse ao Financial Times o ex-conselheiro de Barack Obama para a Ásia, Evan Medeiros.

Até agora, Trump tinha apostado na China como a pedra angular da sua estratégia em relação à Coreia do Norte. A convicção na Casa Branca é de que Pequim, como principal aliado do regime, tem a possibilidade de exercer influência junto de Kim, seja através de algum tipo de persuasão económica – a China é o principal parceiro comercial da Coreia do norte – ou política. 

Esta foi a principal conclusão do encontro bilateral entre Trump e Xi, na Florida em Abril. Desde então, a nova Administração norte-americana abandonou algumas das posições mais duras que tinha em relação à China – sobretudo no âmbito do comércio internacional – na esperança de que Pequim assumisse a missão de conter as ambições nucleares da Coreia do Norte. O Governo chinês diz que tem feito uma pressão "sem precedentes" junto de Kim, ao mesmo tempo que tem tentado fazer ver a Washington que a sua influência junto do regime é limitada.

No entanto, a postura do regime norte-coreano pouco parece ter mudado. Desde o encontro entre Trump e Xi, Pyongyang realizou nove ensaios balísticos – ao todo, foram testados 16 mísseis desde o início do ano, lembra o New York Times. Neste momento, a possibilidade de a Coreia do Norte avançar para um sexto ensaio nuclear – o último ocorreu em Setembro – parece afastada de acordo com o Ministério da Defesa sul-coreano, que disse não haver “nenhumas indicações fora do comum a reportar” na área onde estes testes costumam ser realizados.

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