Trump atrasa passagem da embaixada para Jerusalém

O ministro da Informação jordano evocou as consequências "catastróficas" da mudança da embaixada: uma violação de uma "linha vermelha" e "um presente para os extremistas".

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Netanyahu vai a Washington em Fevereiro Reuters

O Presidente Donald Trump não está a pensar mudar rapidamente a embaixada americana em Israel para Jerusalém, informou ontem de manhã a televisão MSNBC, citando fontes da Administração. Tal pode acontecer ao longo dos próximos quatro anos, de forma a não prejudicar "a possibilidade de um acordo de paz no Médio Oriente". Mas as informações têm flutuado.

No domingo, Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, amenizou uma declaração anterior, dizendo aos jornalistas que "apenas estamos no princípio de um processo que apenas consiste em abordar o assunto". Na sua primeira conversação oficial com um líder estrangeiro, Trump conferenciou por telefone com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyhau. Os assuntos abordados terão sido a colonização, a embaixada e o Irão. Netanyhau encontrar-se-á com Trump, em Washington, em Fevereiro.

No mesmo dia, o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, discutiu com o rei Abdallah da Jordânia as implicações da decisão americana. Os palestinianos têm ameaçado anular o reconhecimento do Estado de Israel no caso da embaixada passar para Jerusalém. O ministro da Informação jordano evocou as consequências "catastróficas" da mudança da embaixada: uma violação de uma "linha vermelha" e "um presente para os extremistas".

A embaixada em Jerusalém foi uma promessa eleitoral de Trump e é tomada, nos Estados Unidos e nos meios palestinianos, como um acto muito provável. A nomeação de David Friedman como embaixador em Israel foi interpretada como a confirmação de uma decisão iminente. Ele declarou ter pressa em "trabalhar pela paz" a partir da "embaixada na capital, Jerusalém".

A transferência da embaixada — que pode começar por um acto de transição como o aluguer de uma suite de hotel como residência do embaixador na "cidade santa" — significaria uma ruptura histórica com as anteriores presidências, republicanas ou democratas. E é tema de divergência na própria Administração. Na sua audiência no Senado, o novo secretário da Defesa, James Mattis, declarou categoricamente: "A capital de Israel é Telavive."

Desafios de segurança

A anexação de Jerusalém Oriental por Israel não é reconhecida pela ONU. Ocupada no fim da Guerra dos Seis Dias, em Junho de 1967, foi anexada em 1980. O 50.º aniversário, a celebrar em Junho próximo, aumenta as preocupações de segurança e faz temer reacções no mundo muçulmano. Se os árabes e muçulmanos em geral manifestam uma relativa indiferença sobre a colonização, o mesmo não se passa com Jerusalém, a segunda "cidade santa" do islão. A transferência da embaixada é interpretada como a consumação da sua anexação por Israel. Abbas teme uma explosão popular nas comemorações de Junho, que poderia arrastar a queda da já desprestigiada Autoridade Palestiniana.

Robert Satlof, director executivo do think tank The Washington Institute for Near East Policy, próximo de Israel, avisa que a mudança da embaixada para Jerusalém tem de ser precedida de uma longa preparação entre Israel e os EUA, pelos "potenciais desafios em termos de segurança, e de envolver os parceiros regionais e internacionais chave no contexto de um ajustamento de uma mudança global da política americana". jorge.almeida.fernandes@publico.pt

 

 

 

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