Tribunal turco ordena libertação de sete jornalistas do Cumhuriyet

Executivos, repórteres e cartoonistas do mais antigo jornal da Turquia, visto como uma força da oposição, são acusados de colaboração com organizações terroristas.

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Manifestação exige libertação dos jornalistas do Cumhuriyet Murad Sezer/REUTERS

O tribunal ordenou a libertação de sete dos 17 jornalistas e executivos do jornal turco Cumhuriyet que estão a ser julgados pela acusação de colaborarem com diferentes organizações terroristas.

Foram libertados Musa Kart, Bülent Utku, Turan Günay, Önder Çelik, Kemal Güngör, Hakan Karasinir and Güray Öz. Continuam presos Ahmet Sik, Kadri Gürsel, Murat Sabuncu, Kemal Aydogdu e Akin Atalay. Os mandados e captura para o ex-director Can Dundar e para Ilhan Tanir continuam em vigor, diz a edição em inglês de outro jornal turco, o Hürriyet.

“Este caso é um teste para a Turquia. O seu desenlace revelará qual o lugar que os direitos humanos e o Estado de direito terão no futuro do país. Felicitamo-nos com a ordem de libertação dos sete réus e apelamos às autoridades para que a cumpram imediatamente. Mas todos os acusados do Cumhuriyet deveriam ser libertados, bem como os muitos jornalistas e defensores dos direitos humanos detidos por causa do seu trabalho”, diz uma declaração do PEN Clube Internacional e várias outras organizações europeias de jornalistas.

No processo do Cumhuriyet julga-se todo o jornalismo na Turquia”, diz Christophe Deloire, secretário-geral da ONG Repórteres Sem Fronteiras. A Turquia já é há muito o país mais repressor da liberdade da imprensa – e é de longe o Estado que mais encarcera jornalistas. Mas a repressão intensificou-se após a tentativa de golpe de Estado para afastar o Presidente Recep Erdogan a 15 de Julho do ano passado.

“Os jornalistas são tratados como terroristas por terem feito o seu trabalho.” Num relatório recente, o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias pedia a libertação imediata dos colaboradores do Cumhuriyet. Desde as detenções que o jornal sai todos os dias para as bancas com páginas em branco, as páginas que os presos deveriam ter enchido.

Alguns dos jornalistas que estão a ser julgados podem ser condenados a penas de 43 anos de prisão. De acordo com a acusação, apoiaram uma de três organizações terroristas: ou o movimento islamista Gülen, a quem é atribuída a responsabilidade pela tentativa de golpe de 2016, ou o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) ou o grupúsculo de extrema-esquerda DHKP-C. Para fundamentar estas acusações citam-se artigos, tweets ou telefonemas, mas não é apresentada nenhuma prova palpável.

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