Tailândia detém activista pró-democracia de Hong Kong

Joshua Wong, uma das caras da "revolta dos guarda-chuvas”, foi impedido de falar em universidades de Banguecoque.

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Joshua Wong quando chegava a tribunal em 2015 para responder pela organização de protestos considerados ilegais pelas autoridades (Arquivo) yrone Siu/REUTERS/Arquivo

As autoridades tailandesas detiveram o activista Joshua Wong, de Hong Kong, que em 2014 foi um dos organizadores dos protestos pró-democracia que ficaram conhecidos como "revolta dos guarda-chuvas".

Wong, 19 anos, tinha sido convidado para falar em duas universidades da capital tailandesa sobre o movimento, os protestos de rua e a formação do seu partido político, o Demosisto, diz a agência Reuters.

A imprensa da Tailândia – que desde um golpe em 2014 é governada por uma junta militar que se tem mostrado cada vez mais próxima de Pequim – diz que Wong estava numa lista negra enviada por Pequim às autoridades tailandesas. À sua espera no aeroporto estariam dez polícias.

Depois de ter sido detido no aeroporto de Banguecoque durante mais de dez horas, foi enviado de volta para Hong Kong. Na sua página de Facebook, o activista, que já chegou a casa, disse que foi “ilegalmente detido” pelas autoridades tailandesas, não foi autorizado a fazer qualquer contacto, teve o passaporte confiscado e ficou sozinho no centro de detenção do aeroporto. “Estas últimas dez horas foram muito assustadoras”, escreveu. Segundo o diário britânico The Guardian, Wong acusou as autoridades tailandesas de “repressão política”.

Os protestos pró-democracia de 2014 em Hong Kong, antiga colónia britânica devolvida à China em 1997, foram especialmente complicados para Pequim. No acordo de transferência da soberania do Reino Unido para a China ficou estabelecido que a população desta região de administração especial escolheria os seus líderes, na eleição que se vai realizar em 2017. Porém, o Governo de Pequim introduziu uma alteração na lei eleitoral do território, estabelecendo que a população pode votar para escolher o líder, mas a partir de uma lista de nomes aprovados pelo governo central.

“Espalhar ideias democráticas”

O objectivo do protesto foi a realização de eleições livres. Durante quase três meses, os manifestantes –sobretudo estudantes – acamparam nas ruas dos principais bairros de Hong Kong. O protesto foi esmorecendo até que, a 15 de Dezembro, a polícia avançou para retirar os últimos acampamentos, terminando a revolta nas ruas.

Wong foi na altura condenado a 80 horas de serviço comunitário por ter participado em protestos ilegais – um sit-in no centro financeiro de Hong Kong no auge dos protestos.

Mas o protesto transformou-se num movimento político e em Setembro deste ano vários jovens activistas pró-independência foram eleitos para a Assembleia Legislativa de Hong Kong.

Este incidente na Tailândia não foi a primeira vez que Wong foi impedido de entrar num país da região: aconteceu o mesmo em 2015, na Malásia, onde iria dar uma série de conferências sobre democracia na China.

Agnes Chow, responsável do partido político de Wong, acusou Pequim de impedir o activista de viajar para que este não “espalhasse ideias democráticas”. “Não vamos desistir da luta pela democracia e da luta contra o Governo chinês que não respeita os direitos humanos”, disse.

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