Piratas em segundo lugar na Islândia, mas ainda podem governar

Estimativas da televisão antecipam que os partidos da oposição tenham maioria para formar Governo. Números finais esperados domingo.

Foto
Birgitta Jónsdóttir, líder dos Piratas Reuters/GEIRIX

Um partido que quer refazer a Constituição em crowdsourcing (com contribuições de todos), que quer referendar a adesão à União Europeia e fazer política com base em democracia directa ficou, segundo estimativas da televisão islandesa, em segundo lugar nas eleições deste sábado na Islândia. É a primeira vez que um Partido Pirata europeu consegue um resultado tão importante em eleições nacionais. E poderá mesmo governar, porque apesar de ter ficado em segundo, de acordo com esta estimativa, os partidos com que fez um acordo pré-eleitoral têm a maioria no Parlamento de 63 deputados: 32 lugares, segundo esta projecção, enquanto os do governo apenas 25. 

No país de 260 mil habitantes, a falta de transparência da política é fonte de descontentamento. É vista como a causa da crise de 2008, da qual o país recuperou graças a medidas como controlo de capitais e ao aumento de receitas por exemplo do turismo. E apesar de alguns banqueiros terem sido acusados, condenados e presos, afinal alguns parecem não ter cumprido toda a pena: recentemente um foi descoberto em liberdade quando o seu helicóptero teve um acidente. 

A Islândia é ainda o país da primeira vítima das revelações dos Panama Papers: o então primeiro-ministro Sigmundur Davío Gunnlaugsson, do Partido Progressista (centro), e a mulher tinham uma empresa no Panamá e potencial conflito de interesses não declarado, o que levou à demissão de Gunnlaugsson e a estas eleições. O Partido da Independência, parceiro de coligação do Partido Progressista (centro-direita, que governava em 2008), ficou agora em primeiro lugar.

Birgitta Jónsdóttir, a candidata que é na prática a líder do Partido Pirata (que não tem uma estrutura hierárquica fixa, o que já causou dissabores, para os quais pediram a ajuda de uma psicóloga especializada em conflitos de trabalho) que tem um autocolante dizendo "vigiado pela NSA" no seu computador portátil, defende a democracia directa e que a riqueza natural seja detida por todos, levando por exemplo à revisão da distribuição dos direitos de pesca.

O primeiro Partido Pirata da Europa foi criado na Suécia em 2006 para lutar por leis de copyright diferentes. Elegeu dois deputados para o Parlamento Europeu em 2009, que perdeu em 2014. Na Alemanha, por outro lado, foi eleita uma eurodeputada depois de o partido ter tido especial sucesso em eleições em estados-federados como Berlim. Mas depois de em lutas internas e falta de participação os Piratas alemães tornaram-se praticamente irrelevantes.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários