Explosão perto do aeroporto da capital síria é "compatível com a política israelita"
A explosão, a cerca de 25 quilómetros da capital, provocou apenas danos materiais.
Uma "enorme explosão" ocorreu, na madrugada desta quinta-feira, perto do aeroporto de Damasco, a cerca de 25 quilómetros a Sudeste da capital síria, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Terá sido um raide de Israel, que não confirma o ataque, mas admite que é "compatível" com a sua política.
“A explosão foi enorme e foi ouvida em Damasco”, disse o director do OSDH, Rami Abdel Rahman, à agência noticiosa francesa AFP, cita a Reuters. De acordo com a organização não-governamental (ONG), que tem sede em Londres, a explosão não ocorreu dentro do recinto do aeroporto.
O ministro israelita dos Serviços Secretos e Energia Atómica, Yisrael Katz, confirmou que o ataque é “compatível com a política israelita” de combate à transferência de armamento, “através da Síria e com destino à organização terrorista libanesa Hezbollah, no Irão”. O grupo militante xiita Hezbollah, que os Estados Unidos e a União Europeia classificam como uma organização terrorista, é um dos apoiantes das acções de Bashar al-Assad.
De acordo com meios de comunicação com ligações ao movimento libanês, o ataque atingiu armazéns e tanques de combustível, causando exclusivamente danos materiais. O correspondente do canal televisivo Al-Manar reportou a ocorrência de uma explosão, atribuindo o incidente a um ataque aéreo israelita.
Yisrael Katz, actualmente nos Estados Unidos para reuniões com as forças de defesa norte-americanas, disse que “naturalmente” não queria estender-se em comentários sobre o assunto. No entanto, o governante sublinhou que o primeiro-ministro israelita deu ordens para que, sempre que os serviços secretos detectassem a intenção de transferir material bélico para o Hezbollah, agissem.
Não obstante, Israel recusa-se a confirmar a autoria do ataque. "Não podemos comentar essas informações", afirmou um porta-voz militar israelita à Reuters.
De acordo com um membro dos serviços secretos — citado sob anonimato —, o ataque tinha como alvo um significativo volume de material bélico enviado pelo Irão, aliado do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, que tinha como destino o fornecimento do grupo Hezbollah.
Esta quarta-feira, em Moscovo, onde participava numa conferência sobre segurança, o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, reiterou que o país "não permitirá que as forças iranianas e do Hezbollah" se concentrem junto aos Montes Golã — um território disputado por Israel e pela Síria.
Desde 2011, o conflito da Síria evoluiu de um conjunto de manifestações violentas para uma guerra civil e, depois, para um conflito internacional com a intervenção de vários Estados e grupos rebeldes. O número de vítimas causado pela guerra não é exacto. De acordo com um balanço feito no último ano pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, o conflito provocou, pelo menos, 312 mil mortos documentados, admitindo que o número possa ascender às 430 mil vítimas mortais.