Reino Unido vai pagar pelo "Brexit" e a factura será pesada, avisou Schäuble

O ministro alemão das Finanças deita por terra esperanças de Londres de ter Berlim como aliado no Brexit.

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O ministro alemão das Finanças avisou que a liberdade de circulação não deve ser posta em causa AFP/EMMANUEL DUNAND

O ministro alemão das Finanças, Wolfganf Schäuble, avisou em declarações ao Financial Times que Berlim não aceitará que se alivie a factura do Reino Unido para com a União Europeia (UE), nem que Londres promova políticas fiscais de excepção com vista a atrair mais investidores para o país.

“Até que esteja completa a saída do Reino Unido [da UE], a Inglaterra terá certamente de cumprir na íntegra todos os seus compromissos. Provavelmente alguns perdurarão para além da saída, pelo menos até 2030… Não podemos conceder nenhuns descontos generosos”, disse Schäuble. Esta semana o Financial Times indicou que a UE poderá apresentar ao Reino Unido uma factura de saída com valores entre 40 a 60 mil milhões de euros.

As previsões de Londres são ainda mais pessimistas, com os responsáveis do Tesouro a anteverem que os custos do "Brexit" poderão elevar-se a 116 mil milhões de euros daqui a cinco anos. O prognóstico deverá ser apresentado pelo ministro do Tesouro na próxima semana.

Após a vitória do "Brexit", a chanceler alemã Angela Merkel alertou para as consequências da UE endurecer as condições de saída do Reino Unido, afirmando que tal poderá prejudicar as relações futuras com Londres. Esta posição levou o país a olhar para a Alemanha como um contrapeso às exigências do Presidente francês, François Hollande, com vista a penalizar aquele país pela sua decisão de sair da EU. 

As declarações de Schäuble ao Financial Times apontam para uma viragem na posição de Berlim. O ministro alemão das Finanças avisou ainda que a Alemanha estará atenta à política de incentivos que será seguida por Londres. Esta política tem “regras que se aplicam a todos, sejam ou não membros da UE”, disse. 

Schäuble avisou também que, caso queira permanecer no mercado comum europeu, o Reino Unido não poderá ter uma política especial de migração, frisando a propósito que a liberdade de circulação é o elemento essencial daquele mercado. O ministro alemão indicou ainda que existem “muitos pedidos” oriundos de companhias sediadas em Londres com vista a mudarem parte dos seus negócios para Frankfurt.

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