Raúl Castro lamenta o “retrocesso” da política de Trump para Cuba

Presidente cubano criticou "discurso ultrapassado e hostil" um mês depois do anúncio da viragem da política dos EUA

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Raúl CAstro discursou na sessão de encerramento da Assembleia Nacional LUSA/Marcelino Vazquez

Um mês depois, o Presidente de Cuba, Raúl Castro, falou sobre a viragem da política norte-americana de reaproximação diplomática e económica entre os dois países como um “grande retrocesso”, mas garantiu que o seu Governo continua disponível para negociar com a Administração Trump os “assuntos bilaterais pendentes”, e a colaborar com os Estados Unidos, “respeitando as diferenças e promovendo tudo aquilo que beneficie ambos os povos”.

Referindo-se às declarações do Presidente dos EUA, que anunciou a 16 de Junho em Miami o fim do degelo e a reversão de uma série de medidas de Barack Obama para a normalização das relações bilaterais após 50 anos de hostilidade, Castro lamentou a “retórica ultrapassada, agressiva e provocatória” de Donald Trump, que “apenas satisfaz os interesses de um grupo de origem cubana do Sul da Florida, cada vez mais isolado e minoritário”.

“As decisões do Presidente Trump ignoram o apoio de amplos sectores norte-americanos, incluindo da maioria da imigração cubana, ao levantamento do embargo comercial e à normalização das relações [entre Washington e Havana]”, criticou Raúl Castro, naquela que foi a sua primeira avaliação da nova política dos Estados Unidos para Cuba, na sessão de encerramento da Assembleia Nacional.

Apesar do “recrudescimento do cerco unilateral”, o Presidente e primeiro secretário do Partido Comunista Cubano acredita que “Cuba e os Estados Unidos podem cooperar e viver um ao lado do outro, respeitando as diferenças”. No entanto, avisou que nem o Congresso nem a Casa Branca devem ficar a pensar que, para tal acontecer, “Cuba venha a fazer concessões inerentes à sua soberania e independência”.

“Recusamos a manipulação do tema dos direitos humanos que é feita contra Cuba. O nosso país tem muito de que orgulhar-se pelos progressos alcançados, e não tem de receber lições dos Estados Unidos e de ninguém”, sublinhou Raúl Castro.

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