Rand Paul vai a jogo para "devolver a liberdade" aos EUA

Senador republicano do Kentucky anuncia corrida à Casa Branca. Critica programas de espionagem e quer limitar a intervenção militar norte-americana no estrangeiro.

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Paul é o candidato da ala libertária do Partido Republicano John Sommers II/Reuters

A lista de políticos do Partido Republicano que sonha ocupar a Casa Branca após a saída de Barack Obama começa a compor-se: depois do anúncio do senador Ted Cruz, empunhando a bandeira dos mais conservadores, agora foi a vez do seu colega Rand Paul, rosto da corrente libertária, anunciar que está na corrida.

"Vou concorrer à presidência para devolver ao nosso país os princípios da liberdade e de um governo menos interventivo", escreveu Rand Paul no seu site oficial.

A frase resume a essência do pensamento libertário – um conjunto de ideias que pode causar alguma confusão a quem está habituado a olhar para os dois maiores partidos dos EUA como os equivalentes do centro-esquerda e do centro-direita na Europa.

Ao contrário do pai (Ron Paul, candidato pelo Partido Libertário em 1988 e pelo Partido Republicano em 2008 e 2012), Rand Paul tem tentado cativar os mais jovens e outros subgrupos do eleitorado norte-americano, contrariando a ideia de que os republicanos apostam todas as fichas em eleitores do sexo masculino, brancos e de meia-idade.

Conhecido por criticar tanto o Presidente Barack Obama como a actual liderança do Partido Republicano, Rand Paul defende o reforço das liberdades individuais, tendo aproveitado as revelações do antigo analista informático Edward Snowden sobre os programas de espionagem para chegar aos mais jovens: "O Governo não tem nada que se meter naquilo que vocês fazem nos vossos telemóveis", disse o senador do Kentucky num discurso no estado do New Hampshire, no ano passado.

A ala conservadora, que olha para Ted Cruz como o seu candidato, também tem sido cortejada por Rand Paul, com os seus apelos a mais cortes nos gastos do governo federal e críticas à forma como Barack Obama tem gerido a oposição do Partido Republicano.

Mas o principal trunfo de Rand Paul – a tentativa de cativar faixas da sociedade tradicionalmente afastadas do Partido Republicano – pode ser também o seu principal problema: a imagem de isolacionista, que passa por defender o fim do apoio externo (incluindo a Israel) e pela oposição à intervenção militar norte-americana, põem em causa valores fundamentais do establishment republicano – e também do Partido Democrata.

Citando o repórter do jornal The New York Times Jeremy W. Peters, se Rand Paul vencer as primárias e defrontar Hillary Clinton nas eleições gerais, "será uma corrida invulgar, em que o republicano estará à esquerda do democrata em questões de política externa".

Há muitos outros nomes em lista de espera para oficializar a candidatura às eleições primárias do Partido Republicano (para seleccionar o candidato que irá defrontar a escolha do Partido Democrata), mas Ted Cruz e Rand Paul são já dois pesos pesados fora da corrente dominante – esse papel está reservado a Jeb Bush, que disse estar a "explorar activamente a hipótese" de uma candidatura, mas ainda não deu o passo final.

Para além de Cruz e Paul, há outros dois nomes na corrida republicana, mas dificilmente conseguirão levar as suas candidaturas até ao fim: Mark Everson, antigo director-geral da máquina fiscal norte-americana durante a presidência de George W. Bush; e Jack Fellure, um engenheiro reformado que concorre desde 1988 sob o lema da proibição – Fellure quer proibir tudo, das bebidas alcoólicas à pornografia e ao aborto, mas também quer criminalizar a homossexualidade e tornar obrigatório o ensino da Bíblia nas escolas públicas.

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