Proibida a marcha gay de Istambul por "motivos de segurança"

Ameaças de grupo ultranacionalista servem ao governador para impedir desfile LGBT pelo segundo ano consecutivo. Há dois anos, usou canhões de água e gás lacrimogénio.

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Polícia de intervenção patrulha rua onde activistas LGBT tentavam organizar o desfile de domingo Murad Sezer/REUTERS

O governador de Istambul proibiu o desfile gay e transgénero da cidade, que se devia realizar no domingo, pelo segundo ano consecutivo, alegando motivos de segurança: as ameaças feitas por um grupo ultranacionalista. Os organizadores da marcha LGBT, no entanto, dizem que a proibição legitima as ameaças e estão a pensar ir para a rua ainda assim.

As ameaças foram feitas pelo grupo Lareiras de Alperen – um movimento juvenil nacionalista e de extrema-direita, relacionado com a organização Lobos Cinzentos, que por sua vez tem laços com o Partido do Movimento Nacionalista, que apoiou o projecto de revisão constitucional que dá enormes poderes ao Presidente Recep Erdogan.

Os organizadores da parada gay de Istambul, descrita como a maior do mundo islâmico – Istambul é considerada uma cidade relativamente segura para a comunidade homossexual do Médio Oriente – colocaram uma declaração online em que afirmam que ao pôr a ênfase na ordem pública, as autoridades tentam distorcer a imagem do que pretende ser uma marcha pacífica. “Vamos marchar, habituem-se. Estamos aqui, não nos vamos embora.”

Há dois anos, na última parada gay, a polícia usou gás lacrimogénio e canhões de gás para obrigar os participantes a dispersarem, depois de ter negado autorização para a marcha, porque calhava no mês sagrado para os muçulmanos do Ramadão. A homossexualidade não é um crime na Turquia, mas é-o em muitos países muçulmanos e a deriva conservadora e autoritária do Governo Erdogan, que tem sido acompanhada de intolerância dos direitos de várias minorias étnicas e religiosas, não antecipa nada de bom.

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