Mais um revés para Fillon. Justiça francesa vai continuar a investigação

"Foram recolhidos vários elementos que não permitem, nesta fase, que o caso seja arquivado", diz a procuradora responsável pelo caso. Candidato diz que é só "propaganda".

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O candidato republicano diz que está a ser alvo de um complot Reuters/STEPHANE MAHE

A investigação sobre o uso indevido de fundos públicos por François Fillon para dar emprego durante anos à sua mulher como assessora parlamentar vai continuar, afirmou a procuradora Eliane Houlette, dando um novo golpe no já fragilizado candidato às presidenciais francesas do centro direita.

Fillon perdeu o estatuto de favorito às presidenciais que terão a primeira volta  a 23 de Abril, quando o semanário Le Canard Enchainé começou a divulgar notícias em que acusava François Fillon de ter empregado a mulher, como assistente parlamentar, entre 1998 e 2007, sem que ela tenha, de facto, desempenhado tais funções. Penelope Fillon terá recebido perto de 900 mil euros brutos do erário público francês.

O escândalo já dura há três semanas, e Fillon tem neste momento cerca de 17% nas sondagens, sem hipótese de passar à segunda volta, mas recusa-se a desistir, dizendo estar a ser alvo de um complot. Prometeu, no entanto, que se fosse acusado de algum crime, abandonaria a candidatura, que conquistou através de primárias do centro-direita.

Subsistem, no entanto, muitas interrogações sobre quais os passos seguintes.  Há várias opções: nomear um juiz de instrução ou mandar o candidato directamente para julgamento. A hipótese de arquivamento já foi posta de lado. 

François Fillon diz que o comunicado da procuradora não foi mais do "que um acto de comunicação política que alimenta o folhetim mediático", cita-o o jornal Le Figaro.

Seja qual for o caminho seguido pela justiça, não é garantido que a investigação esteja terminada até à data das eleições, sublinha o Le Monde. Se porventura Fillon fosse eleito Presidente, o processo ficaria interrompido até ao fim do seu mandato – isso já aconteceu com Jacques Chirac, por exemplo, perseguido judicialmente por um caso de empregos fictícios, como o de Fillon, enquanto foi presidente da câmara de Paris.

François Fillon contratou, também  os dois filhos, Charles e Marie, quando era senador. Os dois receberam um total de 84 mil euros, numa altura em que ainda estavam a estudar Direito.

A polícia francesa já interrogou Fillon e Penelope e realizou várias buscas no Senado, durante as últimas semanas, para recolher provas sobre o caso.

Numa conferência de imprensa, o candidato à presidência francesa pelo partido Os Republicanos veio a público pedir perdão por empregar a família: “Privilegiei as relações de confiança familiares, que hoje suscitam desconfiança. Lamento-o, e peço perdão aos franceses”. Assegurou, no entanto, não ter cometido qualquer ilegalidade.

 

 

 

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