Presidente interino do Egipto nomeia primeiro-ministro

Hazem El-Beblawi, um economista de 76 anos, é considerado politicamente liberal. Militares advertem contra a "perturbação ou bloqueio".

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Apoiantes de Morsi, no Cairo Khaled Abdullah/Reuters

O Presidente interino do Egipto, o juiz Adly al-Mansour, nomeou esta terça-feira um primeiro-ministro. É Hazem El-Beblawi, um economista de 76 anos, que foi ministro das Finanças em 2012 e é considerado politicamente liberal.

O Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, a "primeira escolha" de Mansour, será vice-chefe do governo e assumirá os Negócios Estrangeiros.

Após estes anuncios, o general Abdel-Fattah al-Sissi, chefe das Forças Armadas e ministro da Defesa, lançou através da televisão estatal uma mensagem de advertência contra qualquer "perturbação ou bloqueio no delicado e complexo" processo de transição. "O futuro da nação é demasiado importante e sagrado para manobras de impedimento sejam quais forem as justificações." É um aviso aos partidos e à Irmandade Muçulmana.

Segundo o jornal governamental Al-Ahram, dentro de 15 dias deverá, segundo uma declaração presidencial, ser nomeado um comité constitucional que terá dois meses para apresentar ao Presidente interino propostas de revisão da Constituição, suspensa na semana passada.

Adly al-Mansour deverá depois, no prazo de um mês, submeter as propostas de alteração a referendo. Após a consulta popular deverão ser organizadas eleições legislativas, no prazo de dois meses.  Se for aprovado, as legislativas poderiam realizar-se duas semanas depois. As presidenciais decorreriam uma semana após a abertura do novo Parlamento, ou seja, até Janeiro de 2014.
 

A proposta foi rejeitada pela Irmandade Muçulmana, que não reconhece o novo poder e continua a exigir a reposição de Mohamed Morsi na presidência. Issam el-Erian, vice-presidente do seu braço político, o Partido da Liberdade e da Justiça, denunciou "o decreto constitucional escrito por um homem nomeado pelos golpistas" como um "retrocesso para o país".

Também o movimento Tamarod (rebelião), que liderou a contestação a Morsi, lamentou não ter sido consultado e criticou a declaração constitucional: "É impossível aceitá-la porque prepara uma nova ditadura", declarou um dos seus líderes. Mas manifestou, a seguir, a disponibilidade para ajudar a corrigi-la.

A situação no país continua volátil e, ao fim da tarde, temia-se mais violência nas ruas, onde os adeptos da Irmandade Muçulmana tinham previsto manifestar-se.
 

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