Moçambique: Polícia faz balanço positivo da trégua entre Governo e Renamo

Moçambique atravessa uma crise política e militar.

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Manuel Roberto

A Polícia da República de Moçambique (PRM) faz um balanço positivo dos três meses da trégua alcançada entre o Governo moçambicano e a Renamo, mas lembra que a “missão Forças das Defesa e Segurança não cessa com a declaração” de paz.

Em entrevista à Lusa, o porta-voz do Comando Geral da PRM, Inácio Dina, disse que as Forças de Defesa e Segurança tem uma “missão contínua de assegurar a ordem e tranquilidade públicas”, num mandato que contempla todo o território nacional.

“Em locais onde há um determinado risco na circulação de pessoas é necessário que efectivamente as pessoas se sintam tranquilas”, avançou Inácio Dina, dando conta de que, desde Dezembro, data do anúncio da trégua, as autoridades moçambicanas não registaram qualquer incidente, apesar de, em várias ocasiões, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição, ter denunciado casos de ataques das Forças de Defesa e Segurança.

“Desde que foi declarada a cessação, os cidadãos estão a circular normalmente e não há nenhuma ameaça”, reiterou Dina, que entende que a paz beneficia todos os moçambicanos e é importante que seja preservada.

Inácio Dina disse ainda que a Policia moçambicana vai continuar a trabalhar para reduzir eventuais ameaças à segurança e estabilidade das populações naquela região, pedindo a colaboração de todos para a manutenção da paz no país.

“Continuamos a trabalhar normalmente, como autoridades a quem foi conferido o poder de garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas”, concluiu o porta-voz do Comando Geral da PRM.

Moçambique atravessa uma crise política e militar, marcada, antes da trégua, por conflitos entre as Forças Defesa e Segurança e o braço armado do maior partido de oposição, que reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder há mais de 40 anos, de fraude no escrutínio.

Na sequência dos conflitos, por várias vezes, a circulação em algumas das principais estradas do centro país ficou condicionada a escoltas militares, que foram desactivadas no âmbito da primeira trégua.

No final de Dezembro, como resultado de conversas telefónicas com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, declarou uma trégua de uma semana como "gesto de boa vontade", tendo, posteriormente, prolongando o seu prazo por duas vezes para dar espaço às negociações, que agora estão centradas na descentralização e nos assuntos militares.

No início de Fevereiro, o Presidente moçambicano anunciou o fim da fase que envolve a mediação de internacional no processo negocial e, poucos dias depois, divulgou os nomes das individualidades que vão discutir estes dois pontos de agenda.

Além do pacote de descentralização e da cessação dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamento do braço armado da oposição, bem como sua reintegração na vida civil.

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