Confronto em manifestação contra fecho da fronteira dos Alpes

Protesto motivado por nova lei austríaca que restringe o direito de asilo.

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Polícia de choque nos carris da estação de comboio junto ao túnel de Brenner Dominic Ebenbichler/REUTERS
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Manifestantes preparam-se para os confrontos GIUSEPPE CACACE/AFP
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Junto à estação de comboio de Brenner GIUSEPPE CACACE/AFP
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Manifestação juntou cerca de 500 pessoas Dominic Ebenbichler/REUTERS

Cerca de 500 manifestantes ocuparam a estação de comboio e a auto-estrada da passagem de Brenner, um túnel sob os Alpes que faz fronteira entre Itália e a Áustria, envolvendo-se em confrontos com a polícia de choque italiana. Pelo menos 11 pessoas foram detidas e quatro agentes ficaram feridos no protesto contra a nova lei austríaca que restringe o direito de asilo.

O objectivo da manifestação, convocada pelo movimento No Borders, era protestar contra uma restritiva lei aprovada pelo Parlamento austríaco que permite impor unilateralmente controlos de fronteira na passagem de Brenner, se for declarado "estado de emergência migratório”. Esta medida praticamente suprime o direito de asilo, incluindo para sírios e iraquianos, se os serviços do Estado considerarem impossível dar resposta a uma grande procura.

Foram enviados mil polícias de choque para a fronteira, alguns deles austríacos, já à espera de confrontos, noticiava o jornal italiano La Repubblica. Havia informações de que entre os manifestantes da zona do Trentino italiano, que mais seriam afectados pelos cortes e limitações ao tráfego na fronteira por onde passam 40% das exportações italianas estariam anarquistas e membros do chamado Black Block, um grupo que causa distúrbios nos protestos, vindos de toda a Europa, sobretudo da Grécia, Alemanha e Áustria.

Após o primeiro confronto com a polícia, os cerca de 500 manifestantes dispersaram-se pela povoação próxima. Mas um grupo voltou ao local da estação de comboio, ocupou os carris ferroviários primeiro e depois dirigiu-se para a auto-estrada A22, descreve o jornal italiano.

O ambiente de tensão entre os governos de Roma e Viena acalmou, após alguns contactos directos. Pela fronteira do Brennero, como lhe chamam os italianos, passam todos os dias 2500 camiões e 15 mil outras viaturas, no sentido Itália-Áustria.

Mas Itália mantém que é “inaceitável a lógica de erguer muros, até porque os movimentos entre a Itália e a Áustria nunca estiveram tão baixo desde que existe Schengen”, como afirmou o ministro do Interior, Angelino Alfano.

Viena ameaçou ainda construir uma vedação de quatro metros de altura por 370 metros de comprimento naquele local, se Roma não cooperar no controlo fronteiriço no túnel de Brenner, na direcção Itália-Áustria.

A Comissão Europeia tem dado razão a Itália: bloquear esta fronteira dos Alpes para lutar contra o fluxo de migrantes seria “uma catástrofe política” para a Europa, afirmou o presidente da comissão, Jean-Claude Juncker. “terá não apenas consequências económicas graves, mas sobretudo pesadas consequências políticas”.

Em 2015, a Áustria recebeu um grande número de refugiados – acolheu 90 mil, o equivalente a mais de 1% da sua população. Agora, Viena está determinada a encerrar as portas.

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