Não há sobreviventes do acidente com avião da LAM

Agência de aviação civil da Namíbia confirma que já foram encontradas as caixas negras.

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O avião em causa é um Embraer 190 LAM
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O plano de voo do avião da LAM DR

A queda de um avião das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) durante um voo entre Maputo e Luanda, na sexta-feira, resultou na morte das 33 pessoas que seguiam a bordo, incluindo seis portugueses, entre os quais um luso-brasileiro residente em Portugal.

A informação foi avançada ao PÚBLICO pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que se encontra em Macau. "Acabo de receber a informação da morte de todos os passageiros", disse o responsável, em conversa telefónica.

O Governo português está ainda em contacto com as famílias das vítimas, pelo que não serão avançados mais pormenores sobre os 27 passageiros e seis tripulantes da aeronave. Sabe-se apenas que "várias" das vítimas portuguesas residem em Portugal, disse o secretário de Estado.

José Cesário disse ainda que as autoridades portuguesas estão a tentar confirmar se entre os passageiros havia outros cidadãos com dupla nacionalidade. Além dos cinco portugueses e do luso-brasileiro, a lista de passageiros inclui ainda dez moçambicanos, nove angolanos, um francês e um chinês.

A presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais, revelou neste sábado que o cidadão luso-brasileiro é Sérgio Soveral, um empresário da cidade, administrador da empresa Joluso. "É um amigo e empresário aqui do concelho de cuja morte já fomos informados", disse Isaura Morais.

Na manhã deste sábado, o secretário de Estado das Comunidades tinha já adiantado ao PÚBLICO que "os destroços do avião foram encontrados no Parque Nacional de Bwabwata", no Norte da Namíbia, junto à fronteira com Angola e o Botswana.

O Governo português já anunciou que prestará "apoio no terreno": "Estamos a ponderar a deslocação de pessoas para a Namíbia e estamos em contacto com cada família ver o que será preciso", disse José Cesário.

LAM diz que é cedo para falar em causas
A informação sobre a morte de todos os passageiros foi entretanto confirmada pela própria companhia aérea moçambicana num comunicado enviado ao PÚBLICO.

"É com grande tristeza e pesar que a LAM informa sobre o trágico acidente que resultou no despenhamento do avião Embraer 190, voo TM 470, com destino a Luanda que resultou na destruição da aeronave e na morte de todos os passageiros a bordo", lê-se no comunicado – o terceiro divulgado pela LAM desde o anúncio da perda de contacto com o avião, há mais de 24 horas.

A LAM avança que o acidente foi confirmado pela Autoridade da Aviação Civil da Namíbia e que "a equipa de busca e inspectores localizou e identificou os destroços da aeronave numa localidade no Norte" do país.

Devido ao pouco tempo desde a queda do aparelho e às difíceis condições da região em causa – o Parque Nacional de Bwabwata, entre Angola e o Botswana –, ainda não é possível fazer comentários fiáveis sobre possíveis causas. "Os investigadores devem ter o tempo e espaço necessários para realizar o seu trabalho sem qualquer interferência", refere a LAM.

Contactado pelo PÚBLICO, o vice-director da Autoridade da Aviação Civil da Namíbia e responsável pelos serviços meteorológicos, F. Uirab, disse que a agência vai reunir-se no domingo de manhã e recusou-se a prestar mais declarações, confirmando apenas que as caixas negras já foram encontradas.

Piloto "com larga experiência"
O jornal moçambicano A Verdade avança que o comandante do voo TM 470 "era um moçambicano com larga experiência aos comandos de aeronaves da LAM, com mais de 4000 horas de voo". O jornal, que cita uma "fonte não oficial", escreve ainda que o piloto era chefe de operações e instrutor de voo e não era a primeira vez que comandava um voo entre Maputo e Luanda.

Para além do piloto, os comandos do avião estavam também entregues a um co-piloto que, "apesar de jovem, tinha experiência de voo, com pelo menos 1000 horas" em aparelhos da LAM.

O A Verdade cita também um piloto moçambicano "com larga experiência", que disse ter informações sobre uma queda abrupta do aparelho. "A informação que tenho é que o avião desapareceu do radar a 5 mil pés por minuto, portanto vem a cair, não vem a descer normalmente, é uma descida quase que em queda (...) e ali naquela região não há nenhuma pista, portanto não deverá ter feito aterragem de emergência", cita o jornal moçambicano.

A LAM avança apenas que a tripulação era constituída por dois pilotos, três comissários de bordo e um técnico de manutenção.

"Uma visão horrível"
Um vigilante do parque de Bwabwata avançou à agência Reuters que "os corpos estão espalhados por todo o lado": "É uma visão horrível", disse o homem, que se identificou como Shinonge.

O avião descolou do Aeroporto Internacional de Maputo, em Moçambique, às 11h26 de sexta-feira, e deveria ter aterrado na capital angolana às 14h10 locais (mais uma hora do que em Lisboa), o que não chegou a acontecer. Já durante a noite de sexta-feira, a administradora-delegada da LAM, Marlene Manave, disse que a última comunicação com a tripulação ocorreu às 13h30.

Cavaco Silva envia condolências
Em comunicado, o Presidente da República, Cavaco Silva, enviou condolências às famílias das vítimas da queda do avião, dizendo ter recebido a notícia "com grande consternação".

"De acordo com a informação apurada até ao momento, seis cidadãos portugueses estariam a bordo. Os serviços diplomáticos e consulares nacionais têm estado em contacto com as respectivas famílias e com as autoridades dos países envolvidos, com vista a seguir todos os acontecimentos de forma muito próxima", lê-se no comunicado.

"Neste momento difícil, quero apresentar às famílias portuguesas envolvidas, a expressão da minha muito sentida solidariedade", assinala o Presidente da República.

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, convocou um Conselho de Ministros extraordinário para avaliar a situação, avança a agência Lusa.

A companhia moçambicana está proibida de voar no espaço europeu desde 2011, por razões de segurança.
 

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