Polícia britânica detém 660 suspeitos de pedofilia

“Alguns dos que começavam por aceder a imagens indecentes online iam depois abusar directamente das crianças”.

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A polícia britânica fez buscas em 833 locais e inspeccionados 9172 computadores, telefones ou discos rígidos Stefan Wermuth/REUTERS

Médicos, professores, chefes de escuteiros, assistentes sociais e antigos polícias estão entre 660 detidos por suspeita de pedofilia, numa operação da polícia britânica para identificar consumidores de pornografia infantil.

Um total de 431 crianças foram postas a salvo, no âmbito de uma operação iniciada há seis meses, liderada pela National Crime Agency (NCA) e cujos resultados foram anunciados nesta quarta-feira.

Entre os detidos estão 39 pessoas com cadastro por abusos sexuais, mas a grande maioria dos suspeitos não constavam, até agora, dos registos policiais. Não foi anunciado quantos dos detidos foram formalmente acusados, até porque as investigações continuam. Um dos casos revelados é o de um avô com 17 netos que terá abusado de dois deles.

As acusações vão da posse de pornografia infantil a abusos sexuais. “Alguns dos que começavam por aceder a imagens indecentes online abusavam depois directamente das crianças”, disse, citado pela Reuters, Phil Gormel, vice-director da agência de investigação criminal.

Durante a operação foram feitas buscas em 833 locais e inspeccionados 9172 computadores, telefones ou discos rígidos.

O Reino Unido foi nos últimos anos abalado por revelações de casos de pedofilia e outros abusos sexuais, alguns deles envolvendo figuras públicas. No início do mês, Rolf Harris, famoso apresentador da BBC, 84 anos, foi condenado a cinco anos de prisão por abusos sexuais de raparigas entre as décadas de 1960 e 1980.

Investigações recentes indicam que Jimmy Savile, outro ex-apresentador da televisão e rádio públicas, que morreu em 2011, aos 84 anos, antes de ser julgado, abusou durante mais de meio século de homens, mulheres, rapazes e raparigas, com idades entre os cinco e os 75 anos.

O actual primeiro-ministro, David Cameron, ordenou uma investigação ao desaparecimento de documentos sobre uma alegada rede de pedofilia em Westminster, a sede do Governo, nos anos 1980, e um ministro da época, Norman Tebbit, admitiu que possa ter havido encobrimento para "proteger o sistema".

A NCA informou que a operação cujos resultados foram agora anunciados incidiu sobre crimes actuais e não sobre ocorrências do passado.

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