Papa recebe vítimas de Nice e apela ao diálogo entre religiões

Papa desafiou aqueles que foram atingidos pelos “ataques do diabo” a responderem com “as obras de Deus que são o perdão, o amor e o respeito pelos outros, mesmo os que são diferentes”.

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Francisco cumprimenta sobreviventes e familiares das vítimas do atentado de Nice. Vincenzo Pinto/AFP

O Papa Francisco apelou este sábado ao diálogo entre religiões durante uma cerimónia no Vaticano em que recebeu sobreviventes e familiares das vítimas do atentado de 14 de Julho em Nice, França. No feriado nacional francês, um tunisino de 31 anos atropelou centenas de pessoas na marginal da cidade mediterrânica, matando 86 e ferindo 434. Na Santa Sé, o representante máximo da Igreja Católica recebeu cerca de 58 famílias afectadas pelo ataque.

“É com grande emoção que me encontro convosco, que sofreram no corpo ou na alma a violência que numa noite de festa vos atingiu cegamente ou a um dos vossos entes queridos, sem poupar origens ou credos”, disse Francisco na audiência, antes de abraçar vários sobreviventes e familiares das vítimas.

“O estabelecimento de um diálogo sincero e de relações fraternas entre todos, especialmente aqueles que crêem num Deus uno e misericordioso, é uma prioridade urgente”, disse, referindo-se sobretudo a cristãos e muçulmanos.

“Esperamos uma mensagem de reconciliação para as nossas almas em sofrimento”, acrescentou.

Também presente no Vaticano esteve uma delegação da organização interconfessional Irmandade dos Alpes Marítimos, que reúne judeus, muçulmanos e cristãos de várias designações. Em Roma, o vice-presidente do Conselho Regional da Fé Islâmica, o imã Boubekeur Bakri, recordou que um terço das vítimas mortais do atentado de Nice eram muçulmanas.

Bakri elogiou o “intenso humanismo” de Francisco, que desafiou aqueles que foram atingidos pelos “ataques do diabo” a responderem com “as obras de Deus que são o perdão, o amor e o respeito pelos outros, mesmo os que são diferentes”.

À AFP, um sobrevivente dos ataques, Vincent Delhommel Desmarest, dizia esperar que a “bondade e abertura” do Papa possam ajudar as vítimas a superarem os traumas.

“Não conseguimos dormir à noite. Revejo toda a cena em que o camião avança, os corpos mutilados…”, lamenta.

A deslocação ao Vaticano não deixou de ficar envolta em polémica em França, com a oposição municipal ecologista a criticar o apoio financeiro da Câmara Municipal, por entender que este viola o princípio do secularismo.

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