Pai do co-piloto da Germanwings questiona investigação

No dia do segundo aniversário da queda do avião da Germanwings, o pai do co-piloto responsabilizado pelo desastre garante que o filho não sofria de depressão na altura do sucedido e contratou um investigador para descobrir a verdade.

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Günter Lubitz à chegada da conferência de imprensa desta sexta-feira LUSA/FELIPE TRUEBA

No dia do segundo aniversário da queda do Airbus A320 da Germanwings nos Alpes franceses, o pai do co-piloto responsabilizado pelo desastre anunciou que vai contratar um investigador para saber o que realmente se passou no acidente, dá conta o Guardian.

Segundo a investigação realizada na sequência da queda do avião que matou todas as 150 pessoas que seguiam a bordo, o co-piloto Andreas Lubitz trancou-se na cabine, deixando o comandante do lado de fora e provocou deliberadamente o despenhamento da aeronave. Agora, o pai, Günter Lubitz, questionou estas conclusões numa conferência de imprensa, afirmando que não existem provas conclusivas sobre a responsabilidade do filho.

Numa entrevista ao jornal alemão Die Zeit, Lubitz admitiu que a sua família enfrentou dificuldades em conformar-se com o facto de Andreas ter provocado deliberadamente a morte de 150 pessoas, mas que aceitaria a versão se lhe fossem apresentadas provas concretas. O pai do co-piloto relatou ainda que a campa onde o filho se encontra enterrado foi vandalizada depois da fotografia do local ter sido publicada no tablóide germânico Bild.

Na conferência de imprensa desta sexta-feira, Günter afirmou que tinha consciência que iria perturbar os familiares das vítimas mas sentiu a necessidade de se fazer ouvir. “Nós temos de viver com não só termos perdido o nosso filho mas também com o facto de ter sido retratado como um assassino em massa depressivo. Temos de viver com o facto de, sempre que acontecem terríveis homicídios no mundo, o seu nome ser repetidamente mencionado”, afirmou, citado pelo Guardian.

Na comunicação aos jornalistas, onde surgiu acompanhado por seguranças, Günter garantiu que o filho não tinha uma depressão na altura do desastre. “O que é correcto é que ele sofreu de depressão em 2008/2009. Ele superou e recuperou a sua força original antes de completar a licença de piloto”.

Tim van Beveren é um jornalista de aviação e foi contratado por Lubitz para liderar a sua investigação particular. Beveren afirma que a investigação foi realizada de forma atabalhoada e que está repleta de inconsistências, admitindo, no entanto, que não foi capaz de construir uma teoria alternativa. Contudo, o jornalista apela às autoridades que revejam a investigação e que concedam à família Lubitz o acesso aos documentos.

Por seu lado, o procurado do estado alemão de Düsseldorf, Christoph Kumpa, afirmou em conferência de imprensa que não existem razões para reabrir o inquérito, relembrando que o co-piloto “sofreu durante meses de insónias, tinha medo de perder a visão e estava perturbado”. O pai de Andreas reconheceu que este tinha alguns problemas de sono e que sofria de alguns problemas nos olhos. “Não existem provas adequadas sobre qualquer outra causa da queda”, explicou o procurador germânico.

A intervenção de Günter mereceu também críticas da advogada de vários familiares das vítimas, Elmar Giemulla, classificando as acções deste como “irresponsáveis e dolorosas”.

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