Os ossos do "Anjo da Morte" de Auschwitz servem agora para dar aulas

Um professor da Universidade de Medicina de São Paulo utiliza os ossos de Josef Mengele, médico responsável pelas experiências macabras em prisioneiros judeus, para dar aulas de medicina forense.

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Megele era também responsável pela selecção dos prisioneiros que tinham como destino as câmaras de gás no campo de Auschwitz, erguido na Polónia Wikipedia

Os ossos de Josef Mengele, o médico alemão responsável pelas experiências realizadas em milhares de judeus no campo de concentração de Auschwitz, estiveram, durante mais de 30 anos, guardados num saco no Instituto de Medicina Legal de São Paulo. Mas agora, um médico e professor da Universidade de Medicina daquela cidade brasileira descobriu o que fazer com os restos mortais daquele que ficou conhecido como o “Anjo da Morte”.

Daniel Romer Muñoz, que liderou a equipa que identificou o cadáver de Mengele em 1985, começou, há alguns meses, a utilizar os ossos do médico nazi para as aulas de medicina forense, diz a Associated Press. Os alunos de Muñoz estudam agora como examinar os restos mortais de uma pessoa através dos ossos de Mengele, numa matéria nunca desligada da história e dos procedimentos macabros realizados por si.

“Os ossos vão ajudar a ensinar como examinar os restos mortais de um indivíduo e depois combinar essa informação com os dados nos documentos relacionados com a pessoa”, afirmou Muñoz, citado pela AP.

Para além das experiências nos prisioneiros judeus em Auschwitz, Mengele foi também responsável pela selecção das pessoas que teriam como destino as câmaras de gás e a morte. Com a queda do Terceiro Reich, o “Anjo da Morte”, esteve a monte durante anos, tendo morrido afogado há 40 anos ao largo de São Paulo. Sabendo-se que passou pelo Paraguai e pela Argentina, onde viveu durante uma década, antes de chegar ao Brasil, o paradeiro e a vida em fuga de Mengele foi desde sempre envolta em mistério. E é exactamente esse mistério que o professor considera ser uma boa ferramenta para os alunos.

“Por exemplo, ao examinar os restos mortais de Mengele, nós observamos uma bacia esquerda fracturada”, afirma Muñoz, acrescentando que a “informação encontrada no seu registo do exército afirma que ele fracturou a bacia num acidente de moto em Auschwitz”. Um pequeno buraco na bochecha esquerda demonstra também que o médico nazi sofria de sinusite há muitos anos.

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