Obama disse a Putin para pôr fim a ciberataques "ou haveria consequências"

Presidente dos Estado Unidos diz que pirataria informática contra membros do Partido Democrata foram da autoria de altos oficiais russos.

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Obama despediu-se dos jornalistas desejando Feliz Natal ou melhor, Mele Kalikimaka (Feliz Natal em havaiano) ZACH GIBSON/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, revelou que em Setembro confrontou o Presidente russo, Vladimir Putin, com as intromissões de Moscovo nas eleições presidenciais, depois dos ciberataques aos emails do Partido Democrata revelados no início da campanha para as presidenciais de 8 de Novembro.

O aviso foi deixado num encontro cara-a-cara, durante uma reunião do G20 na China, revelou o Presidente na tradicional conferência de imprensa de final de ano, na Casa Branca, em Washington, e que serviu também para Obama fazer um balanço sobre os últimos oito anos de mandato e a pouco mais de um mês de deixar o cargo.

“No início de Setembro, quando me encontrei com o Presidente Putin na China, entendi que a atitude mais eficaz seria falar com ele directamente e dizer-lhe para acabar com isso e que haveria consequências se não o fizesse”, revelou.

Depois do aviso, Barack Obama garante que não houve mais interferências por parte da Rússia e defendeu a forma acertada como lidou com o problema.

A Rússia tem negado as acusações dos Estados Unidos, mas nesta sexta-feira Obama disse ter uma "grande confiança" de que os ciberataques contra dirigentes e instituições do Partido Democrata – incluindo as contas de email da candidata às presidenciais Hillary Clinton – “foram desenvolvidos pela Rússia, a pedido de altos oficiais russos”.

“As informações a que tive acesso dão-me grande confiança em relação à avaliação de que os russos levaram a cabo este ataque”, afirmou Obama, escusando-se contudo, a assumir até que ponto as acções de pirataria informática influenciaram os resultados das eleições e foram responsáveis pela derrota de Hillary Clinton.

Também nesta sexta-feira, dois antigos responsáveis disseram à Reuters que o FBI partilha da visão da CIA de que a Rússia levou a cabo acções para ajudar o republicano Donald Trump a ganhar as eleições. O Washington Post noticia que as duas agências concordam que houve manipulações por parte da Rússia, deixando isolado Trump, que tem defendido que ganhou as eleições de forma justa.

Durante a conferência de imprensa, que durou mais de uma hora, Obama deixou a porta aberta a eventuais retaliações contra a Rússia por causa dos ciberataques e disse esperar que o Presidente eleito Donald Trump dê atenção ao processo e às acções de Moscovo. O ainda Presidente dos Estados Unidos disse também esperar que a investigação em curso não se transforme num “futebol político” entre republicanos e democratas.

Síria: “Não posso dizer que fomos bem-sucedidos”

Obama defendeu a sua abordagem à guerra na Síria. Embora compreenda o impulso e o desejo de agir, seria um risco demasiado grande deslocar milhares de militares para o terreno, sem qualquer mandato legal internacional e sem um apoio suficiente do congresso, destacou.

“Poderia levar a uma década de guerra e a gastar biliões de dólares”, frisou, em resposta às dezenas de jornalistas que ocupavam a sala de conferências de imprensa da Casa Branca, em Washington.

“A menos que estivéssemos todos dispostos a assumir a Síria, teríamos problemas”, alertou.

Obama afirmou ter prestado um “apoio moderado” à oposição ao regime de Assad, tentando “minimizar a presença dos jihadistas extremistas” e “pressionar os parceiros internacionais”.

“Não posso dizer que fomos bem-sucedidos”, reconheceu. Mas afirma que continua a acreditar que foi a abordagem certa, “tendo em conta o que, realisticamente, poderíamos ter feito”.

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