O terrorismo: todos abrangidos, todos ameaçados

O mundo não cessa de testemunhar as atrocidades terroristas que atualmente ameaçam todos os países e indivíduos. Face ao perigo que este flagelo de natureza traiçoeira e nociva representa, não existe no planeta uma capital mais segura que outra.

Tal facto dita à Comunidade Internacional, para além da condenação do terrorismo de todas as formas e manifestações - sendo este uma ameaça à paz e à segurança internacional, ao desenvolvimento económico e social - a necessidade imperativa de reforçar a sua cooperação e alcançar medidas que visem a erradicação do terrorismo.

O desafio colocado pelo terrorismo e a sua natureza tanto a nível transnacional como transfronteiriço necessita duma resposta comum, coordenada e duradoura de toda a Comunidade Internacional, convocada a assumir as suas responsabilidades. Os jihadistas recrutados pelas organizações terroristas, tais como o Daesh, para servirem os seus interesses, são oriundos de inúmeros países de origens diversas do mundo inteiro.

Se o terrorismo continuar a crescer, é porque não foi dada a devida atenção às suas causas e raízes tais como a pobreza, as injustiças sociais, as discriminações, a ausência de progressos económicos e sociais, os discursos islamofóbicos, a multiplicação de intervenções militares e a estigmatização dos muçulmanos tornando assim favorável a doutrinação e o recrutamento dos executantes.

A resposta militar não é de todo a solução. A Comunidade Internacional é confrontada a alcançar uma abordagem coerente no que toca à prevenção e à ação harmonizando com a estratégia anti-terrorista mundial articulada em torno da vertente repressiva e com as medidas preventivas, sem esquecer o diálogo inter-religioso que constitui um elemento importante na luta contra o terrorismo.

A guerra contra o terrorismo é hoje universal e a resposta só pode estar ao mesmo nível erradicando as suas raízes e as suas causas, para se pôr termo a este ciclo infernal pois trata-se duma praga galopante que não conhece nem fronteiras nem nacionalidades.

A Tunísia é um país conhecido pela sua abertura e tolerância que enfrenta o terrorismo e lamenta que lhe seja apontado um dedo no que concerne a esta questão, uma vez que é a vítima deste flagelo que como nunca conheceu em toda a sua história.

A compaixão para com as vítimas dos terroristas não justifica as campanhas muitas vezes excessivamente estigmatizadoras das quais a Tunísia é alvo quando um dos seus nacionais é posto em causa numa operação terrorista. Os terroristas tunisinos não são os representantes da Tunísia.

Oprimir um país que não cessa de lutar contra o terrorismo, prevenir e circunscrever as ameaças, desmantelar as redes terroristas e garantir a segurança pública, não parece ser uma posição de apoio que se dá a uma jovem democracia que se esforça com os seus meios limitados de preservar e de consolidar o seu processo de transição democrática irreversível.

Face à ameaça da complexidade do terrorismo, a Tunísia não cessa de apelar à Comunidade Internacional para o reforço da cooperação regional e internacional assim como para a necessidade duma ação coletiva e coordenada para lutar contra este novo fenómeno perturbador. Vítima no seu território, assim como outros países ocidentais, a Tunísia assistiu a inúmeros atentados que serviram para ensanguentar e enlutar o país, e tem desdobrado esforços para lutar contra o terrorismo; desde 2015 que o país não testemunha atos terroristas de grande dimensão.

Contudo, a Tunísia não se baseou apenas em simples denúncias, dotou-se duma estratégia global de luta contra o terrorismo fortalecida por uma nova lei de combate ao terrorismo e dum centro anti-terrorista visando reforçar o poder judicial ao nível desta questão.

No decorrer duma reunião recente do Conselho Superior das Forças Armadas, o Presidente da República Tunisina, Chefe Supremo das Forças Armadas, reiterou a máxima importância que a Tunísia atribui ao fortalecimento da segurança e ao controle de fronteiras, bem como a necessidade de maior vigilância de forma a preservar a segurança nacional. Ele também reiterou a determinação da Tunísia de lidar com os dossiers dos terroristas retornados de focos de tensão de acordo com a lei de luta contra o terrorismo, assim como a necessidade imperativa de tomar todas as medidas necessárias que venham ao seu encontro.

A Tunísia que se tem esforçado de forma incansável para a consolidação da sua democracia emergente, merece o apoio real e solidário de todos os seus parceiros, particularmente daqueles que compartilham o mesmo espaço euro-mediterrânico, por contribuírem para o êxito da sua transição democrática e para o restabelecimento da segurança e da prosperidade partilhadas em toda a região.

Na sua mensagem, na Conferência Internacional de Apoio à Economia Tunisina ocorrida em Tunes entre os dias 29 e 30 de novembro de 2016, o novo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, relembrou que “a Comunidade Internacional deve reconhecer que garantir o sucesso da Tunísia democrática é essencial para o bem-estar de todos” e acrescentou “ que investir na Tunísia não é uma questão de generosidade mas sim de inteligência e de proteção de negócios.”

Numa altura em que a Tunísia celebra o 6º ano da revolução de 14 de Janeiro de 2011, já é tempo de apoiar a sua jovem democracia e endossar a exceção tunisina- considerando o facto de ser um país que sempre exaltou os princípios e valores de tolerância, do diálogo e da abertura, ao invés de a responsabilizar pela existência dum flagelo de dimensão planetária e cujos autores, comanditários ou executantes instrumentalizados, só têm um objetivo: destabilizar, dividir os povos e as Nações e aumentar as clivagens e fecharem-se sobre si próprios!

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