Parlamento sul-coreano vai votar destituição da Presidente

Park Geun-hye está a uma semana de saber se vai ser afastada. Oposição precisa de dois terços dos 300 deputados e tenta convencer os descontentes no partido no poder.

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Organizadores falam em mais de um milhão de manifestantes Reuters/KIM HONG-JI
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Pela sexta semana consecutiva, a Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, voltou a enfrentar protestos nas ruas de Seul por causa do escândalo de corrupção e abuso de poder em que está envolvida. Mais de um milhão, dizem os organizadores, cerca de 200 mil, segundo a polícia, marcharam no centro da capital, Seul, contra Park.

A manifestação aconteceu horas depois de três partidos da oposição terem entregue no Parlamento uma moção para se dar início ao processo de destituição da Presidente. O texto, que deverá ser votado na próxima sexta-feira, acusa a Presidente de ter violado a Constituição e de abuso de poder. Segundo a Reuters, foi subscrito por 171 dos 300 membros do Parlamento.

Para ser adoptada, a moção precisa de recolher o apoio de dois terços dos deputados. O que significa que a oposição tem uma semana para conseguir o apoio de 30 membros do partido conservador no poder, o Saenuri, onde há muitos descontentes com o comportamento de Park.

Os manifestantes marcharam até perto da Casa Azul (residência oficial do chefe de Estado) exigindo a demissão. “É uma vergonha nacional que [Park] ainda esteja no cargo. Já se devia ter demitido”, comentou à Reuters uma das manifestantes, Kim Jae-hwa, residente em Seul de 43 anos.

Park Geun-hye é apontada pela Justiça sul-coreana como sendo cúmplice no caso de corrupção e abuso de poder que envolve a sua ex-melhor amiga e dois antigos assessores. Park não pode ser formalmente acusada enquanto for chefe de Estado; o seu mandato, que começou em Fevereiro de 2013, só termina no início de 2018.

Sob pressão e tentando evitar a destituição, a Presidente disse esta semana estar disponível para se demitir. Colocou a decisão, e a forma como sairia da presidência, nas mãos do Parlamento. O seu objectivo, segundo os analistas, foi tentar evitar a humilhação da destituição mas, sobretudo, negociar uma forma de não ser detida e julgada. Assim que deixar de ser Presidente, perde a imunidade, seja após a destituição, seja quando terminar o mandato. 

A liderança do Saenuri apelara à oposição para aceitar a "oferta" de Park, mas dentro do partido houve vozes contra esta posição oficial perante um escândalo que está a afectar a Presidente e a própria formação política.

O processo de destituição, que se for aprovado segue para o Tribunal Constitucional – o órgão com poder para realizar o julgamento do chefe de Estado – pode demorar até seis meses.

"Vamos fazer activamente campanha contra Park junto dos deputados [do Saenuri], de forma a obter o seu apoio", disse Park Jie-won, do Partido do Povo, na oposiçáo.

A ex-amiga de Park encontra-se detida sob a acusação de ter extorquido dinheiro a grandes empresas, beneficiando da sua proximidade com a Presidente. O Ministério Público, que investiga o caso, concluiu que a Presidente foi cúmplice; Park Geun-hye intercedeu junto de empresas como a Samsung e a Hyundai, que se sentiram na obrigação de financiar fundações geridas por Choi Soon-sil, a amiga. Ao todo, Choi arrecadou 60 milhões de dólares.  

Um outro Presidente, Roh Moo-hyun, tinha enfrentado uma moção de destituição, em 2004. Acusado de corrupção, suicidou-se em 2009, depois de ter completado o seu mandato.  

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