Nova onda de demissões nos trabalhistas engrossa motim anti-Corbyn

Ala crítica do líder trabalhista britânico soma apoios em ritmo acelerado. Mesmo os aliados de Corbyn já se preparam para uma eleição interna.

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Bancada parlamentar trabalhista vota na noite desta segunda-feira uma moção de censura contra Corbyn. Neil Hall/Reuters

A liderança de Jeremy Corbyn no Partido Trabalhista estava em hemorragia aberta na manhã desta segunda-feira, à medida que pequenos e grandes nomes no seu governo-sombra anunciavam a demissão, dizendo, um atrás do outro, nas redes sociais, que Corbyn é incapaz de unir o partido e constituir uma alternativa credível aos conservadores, num momento em que o país pode avançar em breve para eleições antecipadas.

Metade do governo-sombra já se tinha demitido antes da hora do almoço. Dezasseis dos 30 deputados que ainda na semana passada integravam a formação principal da oposição anunciaram que se afastariam de Corbyn, que já substituiu muitos deles. E estes são apenas os nomes maiores da bancada trabalhista. No todo do grupo parlamentar, já 36 deputados apresentaram a sua demissão do governo-sombra.

O motim anti-Corbyn engrossava a uma velocidade tal nesta segunda-feira que parecia estar prestes a chegar ao número-chave dos 50 deputados necessários para desencadear uma eleição interna que possa afastar Corbyn. O líder trabalhista assegurou nos dias que antecederam as primeiras demissões no seu governo-sombra que pretendia candidatar-se de novo em caso de eleição interna. “Estou aqui”, afirmou no sábado.

A par das demissões — esta segunda-feira afastaram-se grandes figuras como Angela Eagle, ministra-sombra da Economia, e Owen Smith, ministro-sombra do Trabalho e Pensões — Corbyn enfrenta ainda uma moção de censura no seu grupo parlamentar, que será votada secretamente esta noite e não é vinculativa. De acordo com a BBC, mesmo figuras próximas a Corbyn estão já a preparar-se para uma eleição interna.    

Corbyn nunca conseguiu o apoio consensual do seu próprio partido, sobretudo das alas dos moderados e aliados do ex-líder Ed Milliband, que viram no rescaldo do voto britânico pela saída da União Europeia uma oportunidade para questionar a liderança trabalhista. Apesar disto, o chefe dos trabalhistas continua a ser uma figura adorada das bases partidárias e dos sindicatos, que têm muito a dizer numa eventual corrida pela liderança. 

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