No meio do ódio, mensagem de Obama bate recorde de gostos no Twitter

O antigo presidente norte-americano citou Mandela para condenar a violência da extrema-direita que nos últimos dias assombra o estado da Virgínia.

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O actual Presidente norte-americano tem sido acusado de estar a proteger a extrema-direita nazi Reuters/Carlos Barria/Reuters

Numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos está a ser criticado pela fraqueza da sua posição contra o grupo de nazis norte-americanos responsável pelos ataques racistas em Charlottesville, Virgínia, e que já mataram três pessoas, a voz de Barack Obama volta a soar mais alto e a posição do antigo líder da Casa Branca bate recordes no Twitter. A publicação de uma fotografia em que Obama surge a cumprimentar três crianças acompanhada por uma frase de Nelson Mandela tornou-se o tweet mais gostado da história da rede social.

A frase, partilhada em três tweets, da autoria do líder sul-africano e herói da luta contra o Apartheid, lembra que “ninguém nasce a odiar outras pessoas devido à cor da sua pele, o seu passado ou a sua religião”.

A publicação de Barack Obama aconteceu a 12 de Agosto, no dia em que a manifestação de extrema-direita matou uma mulher de 32 anos, quando um supremacista branco de 20 anos atirou o carro que conduzia para cima de um grupo de manifestantes anti-supremacistas. 

Ao início desta quarta-feira, a publicação contava mais de 3,1 milhões de gostos e mais de 1,2 milhões de retweets. Até à data, o tweet com mais gostos era o da cantora Ariana Grande depois dos atentados de Manchester.

"As pessoas aprendem a odiar e, se podem aprender a odiar podem aprender a amar, porque o amor é mais natural no coração humano do que o seu oposto", lê-se nos outros dois tweets de Obama.

O Presidente norte-americano Donald Trump tem sido alvo de duras críticas pela forma pouco assertiva como está a gerir os incidentes em Charlottesville e pela divisão de “responsabilidades”. O líder culpou “os dois lados”, responsabilizando igualmente os contramanifestantes que lutam contra as palavras de ódio dos grupos da extrema-direita.

Além disso, no Twitter, a sua plataforma favorita para tecer comentários sobre a actualidade, o Presidente norte-americano tem-se mantido discreto.

Uma das raras vezes que nos últimos dias se referiu a Charlottesville foi para criticar – sem grandes surpresas – a comunicação social.

Dias depois de criticar superficialmente “a demonstração de ódio, intolerância, e violência de muitas partes, de muitas partes”, numa alusão aos confrontos, entre manifestantes antifascistas e os participantes na marcha – o que valeu um comunicado à Casa Branca –, Trump foi pressionado a adoptar uma crítica mais assertiva contra a marcha fascista. No entanto, esta terça-feira, recuaria com as declarações e voltaria a culpar “os dois lados” do confronto.

A posição de Trump foi de tal forma tão pouco clara que está a ser vista como uma validação destes grupos extremistas, assumidos apoiantes de Trump. Exemplo disso é o elogio público de David Duke, antigo líder do grupo Ku Klux Klan (KKK), à postura do líder da Casa Branca.

A partilha de Obama foi também assinalada pelo seu antigo fotógrafo oficial, que se mostrou “feliz” pelo seu “antigo chefe” ter escolhido a sua fotografia para se pronunciar sobre os incidentes racistas.

O ex-fotógrafo da Casa Branca, Pete Souza, não é nenhum novato nos comentários sobre a actualidade norte-americana. Desde que abandonou a Casa Branca, o antigo fotógrafo oficial de Barack Obama tem escolhido detalhadamente as imagens que registou durante a anterior Administração da Casa Branca para partilhar nas suas redes sociais, como resposta (e crítica) à acção do actual Presidente norte-americano, Donald Trump.

A sua publicação mais recente cita uma declaração desta terça-feira do republicano Mitt Romney. "Não, não é o mesmo. Um lado é racista, fanático e nazi. O outro opõe-se ao racismo e fanatismo. Moralmente são universos diferentes", assinalou o antigo candidato do Partido Republicano à Casa Branca em 2012. 

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