EUA: mulher condenada à morte pelo homicídio de prima de dez anos

Uma criança morreu fechada numa caixa, ao ar livre, sob temperaturas superiores a 37 graus. A homicida torna-se agora numa das poucas mulheres a serem condenadas à morte nos EUA.

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Sammantha Allen foi dada como culpada, em Junho, pelo crime de homicídio em primeiro grau e outros quatro crimes de maus-tratos Reuters/HANDOUT

Sammantha Allen, uma norte-americana de 29 anos, foi condenada à morte na segunda-feira pelo homicídio, em 2011, da prima de dez anos Ame Deal, que foi fechada numa caixa, ao ar livre, num dia em que se registaram temperaturas superiores a 37 graus Celsius. Foi encontrada sem vida sete horas após o início do que terá sido um castigo.

O júri de um tribunal do estado norte-americano do Arizona condenou Sammantha Allen à morte depois de a arguida ter sido declarada culpada, em Junho, de um crime de homicídio em primeiro grau e de quatro crimes de maus tratos a crianças. Segundo cita a Associated Press, um dos elementos do júri responsável pelo veredicto, Anne Schaad, afirmou que a aparente “falta de remorsos” da arguida foi um dos principais factores que motivou a pesada sentença.

O caso remonta ao Verão de 2011, quando Sammantha Allen castigou a prima por esta ter roubado um gelado. A punição foi fechá-la a cadeado numa caixa de plástico, onde antes estavam guardadas algumas bonecas Barbie e que media, segundo o jornal The Washington Post, cerca de 80 centímetros de comprimento, 35 de largura e 30 de altura.

Como relata a Associated Press, a mulher de 29 anos terá adormecido, esquecendo-se de libertar a criança. Sete horas depois, a menina foi encontrada morta. 

No segundo dia do julgamento, foram mostradas ao júri fotografias do corpo da vítima ao lado da caixa onde perdeu a vida. Este foi outro dos factores decisivos para que o júri tomasse a decisão agora anunciada. “As fotografias da vítima ficaram nas nossas cabeças”, contou ao Arizona Republic a jurada Ann Ospeth.

A morte de Ame foi o culminar de uma longa série de abusos sofridos pela criança naquela casa no Sul da cidade de Phoenix. Por mais do que uma vez foi agredida com pontapés na cara e com uma pá de madeira, demonstrou a acusação. Além disso, Sammantha Allen, o marido, e, aparentemente, outros adultos que viviam nesta habitação obrigaram também a criança a beber molho picante, a comer excrementos de cão e a pisar latas de alumínio com os pés descalços. E não tinha sido a primeira vez que a menina era confinada à pequena caixa de plástico.

Depois de ter sido dada como culpada, o júri deliberou sobre a sentença durante uma semana, tendo, na segunda-feira, colocado Sammantha Allen no corredor da morte. A homicida é uma das poucas mulheres sujeitas a esta pena nos Estados Unidos.

Praticamente toda a família próxima de Sammantha está também a braços com a justiça por acusações semelhantes: a mãe, Cynthia Stoltzman, que tinha a guarda legal de Ame, está a cumprir uma pena de prisão de 24 anos por maus tratos a crianças; o pai, David Deal, foi condenado a tentativa de maus tratos de menores e está também preso; o marido, John Allen, que tem também 29 anos, está acusado dos mesmos crimes da mulher, sendo que o seu julgamento tem início marcado para 9 de Outubro e pode enfrentar também a pena de morte, segundo o The Washington Post.

Sammantha Allen protagoniza assim um caso raro no estado norte-americano do Arizona e nos Estados Unidos, no que diz respeito a ser uma das poucas mulheres condenadas à pena de morte. No Arizona, esta é a terceira vez que uma condenada é colocada no corredor da morte, e é a primeira desde 2011. A nível nacional, segundo a Associated Press, é a 55.ª mulher a enfrentar a pena capital. No país, e para se perceber o carácter pouco comum desta condenação, existem 2800 homens a aguardar a pena de morte.

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